Caracterização Biofísica e Paisagística
Como base de todo o processo de intervenção, ao longo da Ribeira da Costa/Couros, está o ordenamento do uso da bacia hidrográfica; deste modo, será mais fácil prever as causas dos danos que foram identificados na ribeira.
Para a caracterização a nível biofísico recorreu-se ao estudo da bacia hidrográfica da Ribeira da Costa/Couros. Localizada a Norte (NUT II) no Vale do Ave (NUT III), é caracterizada por uma paisagem muito típica, bastante compartimentada que alterna entre zonas de vale e zonas montanhosas.
A ribeira da Costa/Couros, pela sua localização (visto ser uma ribeira que acompanha a cidade de Guimarães), está sujeita a um conjunto de pressões, quer pela emissão de efluentes domésticos e industriais, quer pelo aumento da ocupação urbanística do solo, que se reflectem na sua qualidade ambiental, paisagística e estética. É necessário então procurar minimizar as perturbações sobre os componentes vivos que integram a linha de água, favorecendo assim a sua naturalidade e diversidade ecológica (factor indicador dos processos naturais).
A actuação neste tipo de sistema natural passa pela definição de áreas de intervenção, delimitação de opções estratégias a longo prazo com base nas potencialidades do sistema.
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Aptidão do Solo
- Na bacia hidrográfica da Ribeira da Costa/Couros a classe correspondente às Áreas Sociais é a que ocupa uma maior superfície, os solos classificados com Aptidão Elevada ocupam uma área de 19%, estando distribuídos em duas zonas chave - o Parque da Cidade e a Veiga de Creixomil.
Estas são zonas onde se pratica agricultura dentro do perímetro urbano da cidade de Guimarães, no entanto existem ainda algumas pequenas hortas (privadas) disseminadas pela cidade.
O Parque da Cidade é uma área de lazer por excelência, tendo sido desenvolvida em terrenos que eram utilizados para a agricultura.
As áreas florestais têm uma expressão diminuta sendo o maior aglomerado a Serra da Penha, a montante da bacia em estudo.
Aptidão do Solo
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Declives
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Para este trabalho foram definidas seis classes de declives e tentou-se relaciona-las com a possível impermeabilização do solo. a classe com maior predominância é dos 8%, sendo que os declives mais elevados podem ser observados nas zonas mais a montante da bacia, onde a escorrência da água é favorecida.
Nas zonas a jusante da bacia, a infiltração da água é promovida pelos valores de declives mais baixos e também pela naturalidade que esta zona ainda conserva.
Declives
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Exposições
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Na área da bacia hidrográfica em estudo predominam as exposições a Norte e Noroeste, sendo as áreas viradas a Sul menores.
Este factor é bastante importante quando falamos ao nível do conforto térmico/climático, uma vez que as vertentes viradas a Norte e Noroeste só recebem insolação quando a altura do sol é superior ao declive da vertente. Também nestas vertentes as temperaturas vão ser mais baixas com propensão para as geadas, os valores de precipitação também tendem a ser mais elevados, devido à influência do relevo na movimentação das massas de ar.
É de referir que nem todo o tipo de vegetação se desenvolve nestas encostas expostas a Norte e Noroeste, pelo que é necessário haver uma escolha criteriosa da vegetação a propor para essas áreas específicas.
Exposições
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Geologia
- A área Norte de Portugal integra-se no Maciço Hespérico, extensa área constituída por rochas consolidadas durante a orogenia Hercínica, sendo a mais velha unidade estrutural da Península Ibérica.
As rochas predominantes são os granitos, xistos, quartzitos e rochas metamórficas.
A bacia hidrográfica da Ribeira da Costa/Couros insere-se numa unidade de influência granítica, em que as zonas de montanha são caracterizadas por grandes afloramentos rochosos, solos pouco profundos e escassa vegetação.
Nas zonas de vale predominam as formações de aluviões, terrenos extremamente férteis para uso agrícola.
Geologia
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Hipsometria
- Na bacia hidrográfica da Ribeira da Costa/Couros as classes de altitude variam entre os 100 e os 650 metros, sendo o valor mais elevado 613m, na Serra da Penha, situado a montante da área de estudo.
Os valores de altitude mais baixos podem ser observados a jusante da linha de água e a altitude média é de 518m.
Hipsometria
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Pedologia
- Os Cambissolos são os solos com maior representatividade na bacia em estudo enquanto que os Leptossolos e Fluvissolos são os que possuem menor expressão.
Os Cambissolos são solos relativamente pobres que podem ser encontrados nas áreas mais urbanizadas da bacia em estudo. Na área do Parque da Cidade, área com bastante representatividade na bacia em estudo, predominam os Antrossolos.
Os Fluvissolos são solos que apresentam propriedades flúvicas e estão presentes na área mais baixa do percurso da ribeira, Veiga de Creixomil.
Os Regossolos são solos de materiais não consolidados que se encontram na Veiga de Creixomil, imediatamente antes dos Fluvissolos.
Pedologia
Concluindo:
A altitude na bacia hidrográfica em estudo varia entre os 100m a jusante da linha de água e os 650m a montante. Os declives a montante da área de secção são bastante elevados rondando os 40% enquanto que a jusante são na ordem dos 8%.
O clima é predominantemente temperado com características atlânticas – Invernos chuvosos - o período estival seco é curto (inferior a 45 dias), e chove mesmo durante o Verão, sendo que o esgotamento das reservas hídricas é um fenómeno raro.
Quanto à natureza Geológica concluímos que predomina o Monzogranito biotítico, com rara moscovite tendência porfiroíde de grão grosseiro. É de salientar que existe uma secção da ribeira que corre ao longo de uma falha provável, na Veiga de Creixomil, quando desagua no Rio Selho corre em cima de aluviões.
Relativamente à aptidão do solo, os terrenos adjacentes à ribeira possuem elevada aptidão agrícola. No entanto existe um troço da ribeira que corre em áreas impermeabilizadas, dentro dos limites de áreas sociais - local onde podemos identificar os solos mais pobres que caracterizam a ribeira.
Parte da ribeira corre em solos do tipo Antrossolos e outras secções em Cambissolos, na Veiga de Creixomil, onde encontra o Rio Selho identificamos Fluvissolos e Regossolos.
Caracterização Paisagística
Apresentamos também as respectivas fichas de caracterização para as espécies relevantes presentes ao longo da ribeira.
Para além de se enquadrar a espécie na sua origem e distribuição bem como na sua inserção fitogeográfica, estão igualmente descritas nas fichas aspectos gerais (hábito, folha, flor, fruto, casca) onde se descrevem as características principais da espécie de modo a ser mais fácil a sua identificação. Nas observações descrevem-se curiosidades ou aspectos relevantes da espécie que não se enquadram em nenhumas das categorias gerais, mas que têm interesse acrescentar.
Bibliografia consultada:
BRICKELL, C. (1996) - The Royal Horticultural Society A-Z Encyclopedia of Garden
Plants. Vols. 1-2. Dorling Kindersley. London.
HUMPHRIES, C.J. et al. (1992) - Árvores de Portugal e Europa. Col. Guias Fapas.
FAPAS e Câmara Municipal do Porto. Porto.
LILLO, A.L., CÁCERES, J.M. (2001) - Árboles en España-Manual de Identificación. Mundi-Prensa. Madrid, Barcelona, Mexico.
VIÑAS, F.N. et al. (1995) - El Árbol en Jardinería y Paisagismo. Omega. Barcelona.
Páginas online consultadas:
Página sobre árvores ornamentais - http://www.arbolesornamentales.com/
Blog de informação sobre árvores - http://dias-com-arvores.blogspot.com/
Jardim Botânico da UTAD - http://aguiar.hvr.utad.pt/pt/basesdados.htm
Department of Horticulture - Oregon State University - http://oregonstate.edu/dept/ldplants/