“Crepúsculos”, de Vampires in Space, convidam público a viajar no CIAJG de várias formas e por entre diversas temáticas
Entre a noite e o dia, o humano e o animal, o sónico e o visual, o local e o global, o CIAJG apresenta a 27 de outubro a segunda sessão do programa público do projeto de Pedro Neves Marques para a Representação Oficial Portuguesa na 59.ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia
Manifestações crepusculares, das 14h30 às 22h15 do próximo dia 27 de outubro, constroem no CIAJG um programa para todos os públicos interessados em arte, cinema, música, literatura e ecologia – com screening e conversa, sessão de leitura de poesia, música, excursão-conversa-sessão bioacústica. "Crepúsculos", comissariado por Filipa Ramos, é o programa público de Vampires in Space, projecto de Pedro Neves Marques para a Representação Oficial Portuguesa na 59.ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia. A entrada neste programa é gratuita, convidando todos a participar nesta proposta do Centro Internacional das Artes José de Guimarães.
Depois da Fundação Gulbenkian (Lisboa), a Black Box e a Praça do CIAJG são palco do programa público “Crepúsculos”, de Vampires in Space, o projeto de Pedro Neves Marques para a Representação Oficial Portuguesa na 59.ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia. Comissariado por Filipa Ramos, “Crepúsculos” são uma série de manifestações crepusculares situadas entre a noite e o dia, o humano e o animal, o sónico e o visual, o local e o global que celebram a diversidade de formas de hibridização coletiva. Um programa dirigido a todos os públicos interessados em arte, cinema, música, literatura e ecologia, com intuito de mediar e discutir os temas explorados em Vampires in Space.
Assim, no dia 27 de outubro, o programa arranca com Crepúsculo Sonâmbulo (14h30-17h00), momento para abordar o projeto, imaginários e referências de Vampires in Space, Representação Oficial Portuguesa na 59ª La Biennale di Venezia, incluindo uma conversa entre artista representante do Pavilhão de Portugal, Pedro Neves Marques, e Filipa Ramos, curadora deste programa público, e screening de Nosferasta, de Adam Khalil & Bayley Sweitzer com Oba e A Mordida, de Pedro Neves Marques (56:00m) – dois filmes de artista que ecoam formas de contágio e transmissão em contextos tropicais entre passado e presente, história e identidade.
A tarde prossegue com Crepúsculo Opúsculo (17h30-18h30), uma sessão de leitura coletiva de poesia com Ellen Lima, André Romão e Pedro Neves Marques – que nos traz a poesia como forma de exploração das variações linguísticas e contextuais da língua portuguesa, e abordagem de questões de identidade e expressões de afetos.
Quando a noite se começa a instalar, a música acompanha com Crepúsculo Tentáculo (19h00-20h00), uma sessão de escuta com Odete, ecoando as sonoridades de Vampires in Space. Artista multidisciplinar, performer e produtora, Odete desenvolve uma obra que opera nos domínios da música, artes visuais, performance e teatro, tendo apresentado criações em diferentes espaços e contextos nacionais.
O programa encerra com Crepúsculo Vernáculo (21h15-22h15), uma excursão-conversa-sessão bio-acústica sobre a ecologia e biologia dos morcegos na cidade de Guimarães com o biólogo e conservador Paulo Barros, membro da equipa do Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA) e Investigador do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) nos domínios da ecologia e conservação da fauna.
Vampires in Space é o primeiro projeto explicitamente queer a ser apresentado na história do Pavilhão de Portugal nas Exposições Internacionais de Arte da La Biennale di Venezia, no qual
as questões de representação trans e não-binárias ganham uma visibilidade sem precedentes. Ao apresentar este projeto, Portugal coloca-se na vanguarda das discussões sobre questões-chave do nosso tempo, em que os processos identitários, a ecologia, o transumanismo e a biopolítica são temas interdependentes e complementares para pensar e agir no presente e, sobretudo, no futuro.
“O projeto recorre à figura e expetativas do que consideramos ser um “vampiro” para abordar questões de identidade de género, famílias não-nucleares, reprodução queer, e também o papel da intimidade e da saúde mental nos dias de hoje.” (Pedro Neves Marques). A longevidade imaginada do vampiro, reforçada aqui pela distância física do planeta Terra e pela noção de humanidade, permite um exercício retrospetivo que se pode designar de “autoficção científica”, ancorada na própria experiência trans não-binária de Neves Marques, bem como uma revisão política de uma extensa história de controlo sobre os corpos e o desejo.
Se os vampiros sempre refletiram debates sobre género em diferentes épocas, desde a era vitoriana até a libertação feminista e a crise da SIDA, como respondem hoje aos avanços da biotecnologia ou à emancipação de vidas e ecologias queer? Como é caraterístico do trabalho de artista, Vampires in Space é construído sobre um equilíbrio entre a crítica sociopolítica direta, uma especulação narrativa invulgar e o lugar criativo e emocional da exposição pessoal, invocando um espaço de liberdade intelectual e poética para a arte. Afinal, no espaço é sempre noite e, na sua imortalidade, os vampiros são os seres perfeitos para lidar com a incomensurabilidade das distâncias espaciais. Simultaneamente cómico e trágico, gentil e empoderador, Vampires in Space apresenta um ciclo fechado entre memórias de vidas passadas - e talvez futuras, e a realidade melancólica de uma viagem a um território distante.
Num esforço de criar maior acessibilidade e descentralização das artes visuais, este programa compreende várias áreas de Portugal graças ao apoio de parcerias institucionais: Centro Internacional das Artes José de Guimarães (Guimarães), Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas (São Miguel, Açores) e Batalha Centro de Cinema (Porto).
De ressalvar ainda que o CIAJG – e as suas exposições – pode ser visitado de terça a sexta das 10h00 às 17h00 e ao sábado e domingo das 11h00 às 18h00 e as entradas têm o custo de 4 euros ou 3 euros com desconto, permitindo percorrer e explorar todas as exposições patentes. A entrada no CIAJG é gratuita para crianças até 12 anos e ao domingo de manhã.
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