“A Paixão em Guimarães” abre as portas da tradição e da arte no coração de Guimarães



A exposição “A Paixão em Guimarães” integra-se num programa mais vasto que inclui celebrações religiosas, o Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães e os Fins de Semana Gastronómicos.
Na pedra antiga do centro histórico e nas sombras frescas da Penha, uma nova luz se acende sobre a tradição, a arte e a memória em Guimarães. A exposição “A Paixão em Guimarães”, inaugurada esta sexta-feira, marca o início de um percurso íntimo e monumental pela iconografia cristã do concelho. Um evento que combina tradição, património e cultura num mesmo roteiro pascal, e que contou com a presença de Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães, e José Couceiro, Juiz da Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos, na sessão inaugural.
Ao todo, são 42 artefactos religiosos que se abrem agora ao olhar atento dos visitantes: cinco “Passos da Paixão”, dispersos pelas ruas do centro histórico, e mais 37 peças guardadas em igrejas, museus e espaços patrimoniais da cidade. Muitos destes elementos, outrora resguardados da curiosidade pública, surgem agora revelados como parte de um itinerário que reconstrói o percurso espiritual da Quaresma à Páscoa com o rigor da história e a beleza do sagrado.
“Esta exposição é um convite à contemplação e à descoberta de um património que é de todos nós”, afirmou Paulo Lopes Silva, salientando a importância da iniciativa para a valorização da identidade vimaranense. “Guimarães tem nesta mostra um dos mais significativos testemunhos do seu legado tradicional e artístico. Ao mesmo tempo, estamos a criar um roteiro acessível, vivo e profundamente enraizado na nossa memória coletiva.”
Um passaporte cultural — distribuído gratuitamente nos espaços aderentes — orienta os visitantes pelas 18 localizações da exposição, oferecendo informações sobre cada peça exposta, bem como o enquadramento litúrgico e histórico. Este guia inclui ainda o programa geral “Da Quaresma à Páscoa”, do qual esta mostra é o primeiro de quatro momentos.
O percurso expositivo poderá variar de acordo com os tempos litúrgicos e celebrações religiosas, sendo alguns espaços acessíveis em horários específicos. “Há aqui um respeito absoluto pelo culto e pelo calendário cristão, o que dá ainda mais autenticidade à experiência”, explicou José Couceiro, que reforçou o papel da Irmandade dos Santos Passos na preservação e divulgação desta herança.
A exposição “A Paixão em Guimarães” integra-se num programa mais vasto que inclui celebrações religiosas, o Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães e os Fins de Semana Gastronómicos, num cruzamento entre tradição, cultura e sabor que promete marcar a cidade até ao Domingo de Páscoa.
“É também uma forma de vivermos a cidade com outra atenção — mais pausada, mais espiritual — e de nos reconhecermos neste território feito de silêncio, de pedra, de símbolos que nos acompanham há séculos”, concluiu Paulo Lopes Silva, evocando a dimensão sensorial e afetiva deste percurso pascal.
Com esta iniciativa, Guimarães afirma-se uma vez mais como cidade do sagrado e do simbólico, onde o passado se entrelaça com o presente em cada altar e em cada rua — agora não apenas como memória, mas como experiência partilhada.