Guimarães recebe novo festival internacional de cinema focado no som
Novo conceito de festival de cinema e música promete juntar crianças, curiosos e cinéfilos. Durante uma semana, objetivo é reunir gerações lado a lado para escutar, ver e pensar o melhor cinema.
“Guimarães Cinema Som” é o nome do 1º Festival Internacional de Cinema de Guimarães que se realiza entre esta sexta-feira, 07 de outubro, e o dia 15 de outubro, cuja programação decorrerá entre o Centro Cultural Vila Flor e a Black Box da Plataforma das Artes. O evento, que perspetiva o som como elemento estrutural de um filme considerando-o para além da música, apresenta uma estrutura tripartida que compreende uma mostra de filmes não competitiva, diversificada oferta formativa e também uma secção de filmes internacionais em competição atendendo ao tratamento artístico do som.
A seleção de filmes em contexto não competitivo encontra-se distribuída por cinco rubricas ao serviço da cinefilia: Retrospetiva Rob Rombout, Manhãs Cinema Som, Mudam-se os Tempos, Sonoras Qualidades e À Moda da Casa. Na sua primeira edição, o festival homenageia o cineasta Rob Rombout, nome maior do documentário, através da Retrospetiva Rob Rombout. Em Guimarães, ficam assim reunidas as condições para a estreia internacional do último filme do realizador — na noite de abertura do festival, 7/10 às 21:45 — e estreias nacionais de onze dos seus filmes, uma mostra num total de 16 obras.
Por sua vez, a aposta na sensibilização do público jovem para a valorização do cinema enquanto arte passa pelas Manhãs Cinema Som, através de obras que apelam ao conhecimento da história do cinema. Nestas sessões, propõem-se às escolas de Guimarães a fruição de momentos fundadores do cinema com vista à promoção da cultura cinematográfica dos jovens. E porque o crescente interesse do grande público pelo cinema mudo nem sempre é correspondido nas melhores condições, as sessões “Mudam-se os Tempos” propõem obras-chave da cinematografia mundial com esmerado acompanhamento musical. As propostas musicais apresentadas espelham a diversidade de soluções a que se presta o cinema da época do mudo.
Recriação de músicas de filmes consagrados
O festival vai proporcionar estreias nacionais de obras orquestrais especificamente compostas para determinados filmes, oportunidades também para ouvir ao vivo a Orquestra de Guimarães e a Orquestra do Norte. A convite do festival, a Academia de Música Valentim Moreira de Sá aceitou o repto de criar Molduras Sonoras (incluindo liberdade na criação de efeitos sonoros) para um filme de Chaplin.
Vindo expressamente de Nova Iorque também a convite do festival, o pianista Renato Diz será cúmplice do contrabaixista Sérgio Tavares, na ilustração musical de um Hitchcock. Por fim, destaque para a presença de Filipe Raposo — pianista que colabora regularmente com a Cinemateca Portuguesa — ao longo de várias sessões de cinema mudo, entre elas um tributo a Buster Keaton (nos 50 anos do seu desaparecimento) e o desafio de acompanhar uma obra de Murnau.
Com Sonoras Qualidades, o festival propõe uma seleção de obras em que o som se revela determinante na construção de cada filme. O cinema sonoro é considerado desde a fase incipiente até aos nossos dias, constituindo-se um espaço recheado de inovações e marcado por filmes fundamentais da cinematografia mundial. Celebrar o cinema em Guimarães é também dar expressão ao que neste domínio é pensado e produzido pelos vimaranenses. É neste sentido que se vive o cinema À Moda da Casa, rubrica que exprime as orientações de dois núcleos autóctones devotados à cinematografia: Bando à Parte e Cineclube de Guimarães.
Para os mais curiosos, estão guardados segredos no Fórum Cinema Som: um leque diversificado de master classes e seminários orientados por Rob Rombout, António de Sousa Dias, Sérgio Dias Branco e Daniel Moreira. Nesta edição, serão abordadas variadas matérias que exploram desde o documentário ao vídeo musical. A complementar esta rubrica, espaço ainda para a sessão de curtas-metragens Doc Nomads, projeto associado a estudantes de cinema sob orientação de Rob Rombout.
Prémios atribuídos pelo público
O festival tem, também, um olhar atento sobre o tratamento artístico do som no cinema atual. A competição internacional de filmes surge como corolário de um evento multifacetado que não transige na qualidade, motivo pelo qual a primeira edição apresenta apenas uma secção competitiva de curtas-metragens. Uma vez que a participação do público é essencial para um festival desta natureza, Guimarães Cinema Som propõe dois prémios a serem atribuídos pelos espetadores: Prémio Guimarães Júnior e Prémio do Público.
Atendendo à exploração do som no cinema, a Sessão Guimarães Júnior (14/10 às 18:00, M/12) permitirá apurar a escolha do público jovem. Por sua vez, o Prémio do Público é a oportunidade para cada espetador votar nas 5 sessões de curtas-metragens apresentadas a concurso. Na sessão Palmarés Curtas-metragens, ocorrerá a exibição de todos os filmes premiados e a apresentação dos escolhidos pelo júri internacional do Guimarães Cinema Som.