Teatro Oficina convida-nos para conhecer a criação 'Matagal' e os trabalhos finais das OTO

No mês de maio, a programação da companhia vimaranense Teatro Oficina promove o contacto acessível de todos os públicos com novas criações decorrentes do seu contínuo trabalho de apoio à formação e à criação teatral. Na terça-feira 14 de maio, às 21h30, podemos assistir ao Ensaio Aberto do espetáculo “Matagal”, com direção artística de Eduardo Breda, apresentado no âmbito do programa Criação Crítica do Teatro Oficina, com acompanhamento dramatúrgico de Mickaël de Oliveira.

E para encerrar o projeto de formação e criação das OTO - Oficinas do Teatro Oficina, apresentam-se publicamente a 25 de maio, às 16h00 e 21h30, os resultados dos trabalhos das turmas de níveis 1 e 2.

No processo de criação deste espetáculo “Matagal”, Eduardo Breda partilha que a Língua Gestual Portuguesa (LGP) foi colocada como ponto de partida para o movimento. “Encontrámos um terreno baldio onde arbustos, árvores de fruto, vegetação selvagem, musgo, fetos expõem a sua vulnerabilidade enquanto procuram o autoequilíbrio.”, refere. Esse mesmo terreno, ocupado pela diversidade, beleza e riqueza em espécies, no qual a vegetação se confunde com a ruína, foi chamado de: “Matagal”. Quem sente esta vibração, que sobe desde a raiz dos nossos pés e nos estremece o pensamento? "Quem escuta” estes corpos emaranhados em estado de latência? e quem grita: “É preciso arrancar as ervas daninhas!” são questão lançadas por esta criação, que resulta de residência artística inserida no programa Criação Crítica (9 a 14 maio) e conta com o acompanhamento dramatúrgico de Mickaël de Oliveira (diretor artístico convidado do Teatro Oficina para o biénio 2023 e 2024).

Com direção artística de Eduardo Breda e interpretação de Beatriz Baptista, Fábio Madeira, Marco Olival, Mariana Camacho, Valentina Carvalho, entre outros, o Ensaio Aberto de “Matagal” é apresentado a 14 de maio, às 21H30, na Black Box da Fábrica ASA, no âmbito do programa Criação Crítica, que tem como objetivo apoiar os criadores vimaranenses e de todo o território nacional, com enfoque na criação emergente, acolhendo os processos de criação teatral e capacitando-os nas suas dimensões logística, técnica e dramatúrgica.

“Matagal” é dirigido a maiores de 16 anos e conta com a coprodução de Gravity Forms - Associação, FITEI - Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, O Espaço do Tempo (coprodução em residência) e com os apoios do Teatro Oficina (Programa Criação Crítica 2023) e Fundação GDA - Programa Arte Sem Barreiras, RTP Palco, DuplaCena - Temps d’Images, Pangeia.

No dia 25, sábado, assentemos bagagens na base de operações do Teatro Oficina, o Espaço Oficina, para testemunhar o resultado dos trabalhos desenvolvidos ao longo do presente ano letivo pelas turmas de níveis 1 e 2 das Oficinas do Teatro Oficina, orientadas respetivamente por Letícia Moro e Inês Lago, encerrando e celebrando desta forma o projeto de formação e criação das OTO 2023-2024.

Estas apresentações finais das Oficinas do Teatro Oficina dão vida ao Espaço Oficina ao longo da tarde e noite deste sábado. “Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães”, de Manuel António Pina, é apresentado às 16h00. Num mundo às avessas, onde os animais têm humanos de estimação, dois seres humanos decidem fugir da vida de cão (ou pior, da vida de gente!) que eram obrigados a levar no reino animal. Mas são capturados a roubar a chave da Liberdade e, como consequência, têm de enfrentar o julgamento animal e a sentença invulgar da juíza Elefante. Nesta fábula em um prólogo, cinco cenas e um epílogo, Manuel António Pina questiona quais são os meios para se chegar à liberdade e quem tem razão, o homem ou o animal? Desafiando-nos a refletir sobre a nossa opinião e a perguntar aos nossos pais e às nossas mães, sem esquecer de perguntar também aos nossos gatos e aos nossos cães.

Com direção de Letícia Moro, “Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães” conta com a participação e interpretação de Carolina Lobo, Catarina Pereira (Tatiana), Carlota Leitão, Clara Melo, Constança Silva, Eduarda de Albuquerque Lemos, Francisca Fernandes, Joana Vivas, Leonor Esteves, Mafalda Oliveira, Manuela Romualdo, Margarida Vaz, Maria Francisca Leitão, Maria Luísa Leitão, Tomás Cunha e Violeta Ribeiro.

Às 21h30, é a hora certa para “O último cruzamento antes da ponte caída”, criado a partir de “Os Cegos”, de Maurice Maeterlinck, obra que acompanhou a Oficina orientada por Inês Lago desde o seu começo. Naquela que é a peça inaugural do Simbolismo, escrita em 1890, um grupo de cegos está perdido do seu guia no meio de uma floresta. A noite precipita-se e tudo indica que o fim estará próximo.

Ao longo dos últimos meses, Inês Lago – responsável pelo texto e direção – e Beatriz Silva, Luana Sampaio, Tamára Mei, Chica Queiroz, Maria Carvalho, P. Wolfgang, Mariana Costa, Laura Alves, Sofia Psychala, Kika Salgado, Mimi, Tomás Sampaio, Júlia Camões, Lara Cardoso – cocriadores e intérpretes d’“O último cruzamento antes da ponte caída” – foram dando a volta ao texto até que chegaram a um novo. Nesta sua versão, a noite também cai e o fim se calhar já aconteceu. A sua floresta nasceu no cimento e pelos vistos foi o guia quem os encontrou. Mas escolheram dar outras formas à cegueira, talvez na esperança de não lhes escaparem as entrelinhas que lhes contam futuros mais bonitos.

Fotografia: "Matagal", de Eduardo Breda © direitos reservados