Manta estende-se nos jardins do CCVF com concertos de David Fonseca, Still Corners, Billie Marten, Meskerem Mees e Malva
Entre o relvado e as estrelas, o Manta promete ligar-nos às altas frequências do universo.
O Manta estende-se com um alinhamento reforçado que se desenrola nos dias 13 e 14 de setembro no jardim do Centro Cultural Vila Flor (CCVF).
Na sexta-feira, 13, sob a estrelas, o relvado do CCVF terá uma noite marcada por artistas portugueses com as atuações de Malva e de David Fonseca, que se junta ao cartaz para nos abrir a porta do seu universo pessoal como nunca antes visto em 25 anos de carreira.
No sábado, 14, o Manta aposta na revelação de artistas internacionais, que justificam o sentido total de descoberta, em alguns casos, e de absoluta confirmação, noutros. Meskerem Mees, Billie Marten e Still Corners encarregar-se-ão de nos embalar através de uma exploração íntima e telúrica que guardaremos dentro de nós enquanto paisagem erigida para o futuro. Após os concertos, DJ Berto (sexta-feira) e DJ Tam (sábado) serão responsáveis por garantir que a vibração dos corpos continuará a pulsar pela noite dentro. A manhã e a tarde de sábado serão dedicadas às famílias, com oficinas de experimentação musical para todas as idades.
Com entrada gratuita, o Manta prepara-se assim para nos tocar no íntimo, porque vem de lá. “Tal como a música que, delicada, nos devolve a confiança na beleza. Entre o relvado e as estrelas, o Manta lança cartas fortes para a playlist futura das nossas vidas.” (Rui Torrinha, diretor artístico do CCVF e de artes performativas d’A Oficina)
O jardim do Centro Cultural Vila Flor estará pronto a receber-nos a 13 de setembro, às 21h30, para nos encontrarmos com Malva, um projeto de Carolina Viana que se deu a conhecer em redoma (dupla portuense de sonoridade rap e ritmo desconstruído e poético que formou com a produtora Joana Rodrigues). Em 2023, Carolina Viana deu um passo a solo para fora da redoma, em busca de uma linguagem individual, assumindo a personalidade artística de Malva, com o lançamento do seu álbum de estreia “vens ou ficas” (incluído em diversas listas de melhores discos nacionais do ano), onde é possível conhecer um universo introspetivo e de reflexão, através da voz, guitarra acústica, baixo elétrico e violoncelo.
A partir das 22h30, a música, a performance e o cinema cruzam-se em palco com David Fonseca a surpreender-nos num concerto que celebra os seus 25 anos de carreira de forma original, onde as histórias por trás de cada canção se revelam através de imagens, palavras e momentos multimédia. David promete levar-nos aos momentos privados de criação de cada um dos seus sucessos, desde as primeiras canções com os Silence 4 até às mais recentes na sua profícua carreira a solo, e abre a porta do seu universo pessoal como nunca antes visto em 25 anos de carreira. As ideias que fizeram nascer as canções, os seus protagonistas e a sua visão artística única num momento intimista de partilha e proximidade.
Nesta primeira noite do Manta, a música prolonga-se de seguida ao som do dj set de Berto, natural e residente da cidade, colecionador desde 2012 e digger aficionado, que traz consigo uma seleção de discos dançantes com bpms baixos e melodias quentes.
No dia seguinte, os jardins do CCVF voltam-se a abrir-se, logo a partir da manhã, para um dia em família. A partir do universo da música, haverá oficinas de experimentação musical para todas as idades, às 10h30 e às 16h30. Nestas oficinas, a cargo de Bruno Estima (WeTumTum), desmistifica-se a construção e a execução da música, edificando de forma lúdica e informal experiências que permitem cultivar o corpo e a mente usando instrumentos. Um objetivo que, com variadíssimas e novas experiências, é desenvolvido em ações cheias de ritmo. Sem complicar, e brincando, aqui vamos aprender; e a jogar, vamos edificar. Marcadas pelo à vontade e boa disposição, estas oficinas são uma possibilidade de fazer e compor música em grupo, através de experiências e desafios que mexem com instrumentos ao alcance de todos.
Avançando até às 21h30, o foco vira-se novamente para o palco onde nos encontraremos com a singer-songwriter belga Meskerem Mees. Vencedora dos prémios Montreux Jazz e Music Moves Europe, e com um sucesso que já alcança todos os cantos do continente por via de uma série de reconhecidos trabalhos e espetáculos por toda a Europa, Meskerem chega a Guimarães apenas munida da sua voz intrigante, a viola acústica e o violoncelo da sua amiga Febe, pronta a tornar o seu som minimalista numa obra de arte que assentará como uma luva nos matizes dos jardins do CCVF.
No segundo concerto da noite, com início às 22h30, seremos presenteados com a estreia em absoluto no nosso país de Billie Marten. Se analisarmos cada palavra que ela canta, será fácil encontrar uma profusão de reflexões luminosas sobre temas como o amor, a perda e o amadurecimento. Se o objetivo for um som de fundo suave e melódico enquanto fazemos qualquer outra coisa, a música de Marten também é ótima para isso. Em “Drop Cherries”, o seu quarto álbum lançado em oito anos, a cantautora norte-americana impõe ao ouvinte uma espécie de autorreflexão hipnótica. A sua voz aveludada conduz-nos pelo caminho intricado de um relacionamento, passando por turbulências e culminando num momento singular envolto pelos sentimentos avassaladores do amor. Já é sabido que quando Billie Marten lança um novo disco nos espera um folk aveludado, salpicado com letras introspetivas e poéticas e uma composição cuidada e atenta. E também que, não sendo caso comum, os seus sucessivos álbuns nos dão garantias de excelência, tal como poderemos testemunhar no jardim do CCVF.
O último concerto desta edição do Manta, às 23h30, está entregue aos Still Corners, projeto musical de Tessa Murray e Greg Hughes formado em 2009 quando, por acaso, se encontraram numa estação de comboios, em Londres. Esse encontro casual fez com que, ao longo da última década, a banda tenha lançado uma torrente de temas que são ao mesmo tempo meditativos, exploratórios e românticos, navegando num desert noir cintilante que se inspira na aura mística das vastas paisagens do deserto, premonitórias e enigmáticas. Em abril deste ano, os Still Corners lançaram o seu sexto álbum, “Dream Talk”, um trabalho primorosamente arranjado, elegante e nostálgico, desde a abertura outonal de “Today is the Day” até à conclusão de uma quente noite de verão com “Turquoise Moon”, criando um som melancólico, gracioso e sedutor que teremos o privilégio de ouvir, ao vivo, nesta noite também mística do Manta.
Após o concerto dos Still Corners, o Manta encerra com um dj set de Tam, gestor de editoras e cofundador da Wasser Bassin Records, a produzir música desde o início do século XXI, e músico com gosto pela diversidade, versatilidade, melancolia, chuva fria de inverno e tardes suaves de verão.
E tudo isto se revelará uma excelente forma de calibrar um ritmo que nos devolva o significado de presença. E também a importância de criar mundo a partir de uma imaginação cultural fértil e coletiva. É assim a alma do Manta, reforçada pela energia comunitária que por esta altura assenta nesta relva.
Fotografia: David Fonseca © direitos reservados
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