Património Mundial
- É unanimemente reconhecido que o nome e a imagem do “Centro Histórico” da Cidade de Guimarães extravasaram há muito as fronteiras do domínio público, com uma sempre subjacente ideia de qualidade associada. O reconhecimento e o interesse, nacionais e internacionais, foi crescendo devido ao rigor dos critérios adoptados e aos discretos cuidados com que durante alguns anos a autarquia Vimaranense foi processando e patrocinando uma intervenção que, suscitando formas e renovando funcionalidades, reabilitou para a cidade e para o presente antigas e esquecidas espacialidades.
Em anos mais recentes foram concretizados alguns projectos e ambições antigas. A reabilitação dos espaços públicos, de edifícios municipais, cedendo a sua forma a novas funções e o apoio técnico e financeiro à iniciativa privada, constituíram três das principais linhas estratégicas que sustentam a concretização dos dois objectivos que norteiam a intervenção no Centro Histórico de Guimarães:
- A reabilitação do Centro Histórico de Guimarães visa a recuperação e preservação do património construído de qualidade formal e funcional, cuja autenticidade é necessário manter no seu todo pelo que a reabilitação passa também pela utilização dos materiais e das técnicas tradicionais.
- O segundo objectivo reside na manutenção da totalidade da população residente, dotando-a de melhores condições de habitabilidade. O trabalho de reabilitação do Centro Histórico, pelo seu rigor de intervenção e carácter exemplar, recebeu já o prémio Europa Nostra, em 1985, o 1º prémio da Associação dos Arquitectos Portugueses, em 1993 e o prémio da Real Fundação de Toledo, em 1996.
Entretanto, a assunção por parte do Município de se constituir como exemplo a seguir, reforçada na continuidade dessas acções iria induzir nos privados a iniciativa e o gosto pela reapropriação do seu espaço e também a invenção de muitas formas do viver na área antiga da cidade, marcando-as com o sentido de Colectividade e o sentido de Humanidade que têm sido e só podem ser o fundamento de uma intervenção comummente assumida. Isto significa menos dirigismo e menor empolamento formal das iniciativas públicas e das acções técnicas e regulamentares (ao contrário do que, infelizmente, tem sido mais corrente).
Tenha-se em conta que o tempo é normalmente um árduo adversário de difícil gestão, mas que não deixa nunca de ser um recurso a mobilizar e integrar, não sendo nunca, por essa razão, completamente perdido...Tudo se passa como se o mesmo herói desconhecido que descobriu esta maravilhosa filigrana envelhecida regressasse e ainda anonimamente viesse reanimar (no sentido da raiz latina...) a tradição, e apenas entreabrir um janela do futuro. O mais difícil será acordar esta personagem sem estremecimentos e sem sobressaltos.
Praça de Santiago
Segundo a tradição, uma imagem da Virgem Santa Maria foi trazida para Guimarães pelo apóstolo S. Tiago, e colocada num Templo pagão num largo que passou a chamar-se Praça de Santiago. Praça bastante antiga, referida ao longo do tempo em vários documentos, conserva ainda a traça medieval. Foi nas suas imediações que se instalaram os francos que vieram para Portugal em companhia do Conde D. Henrique.
Aí estava situada uma pequena capela alpendrada do séc. XVII dedicada a Santiago que foi demolida em finais do séc. XIX.
Rua de Santa Maria
Foi uma da primeiras rua abertas em Guimarães, pois destinava-se a ser um elo de ligação entre o convento fundado por Mumadona, rodeado pela parte baixa da vila, e o Castelo situado na parte alta da vila. É já referenciada por este nome em documentos do séc. XII, embora ao seu troço superior fosse dado o antigo nome de Rua da Infesta. Ao longo do seu percurso encontramos vários testemunhos arquitectónicos do seu passado: o Convento de Santa Clara, a Casa do Arco, a Casa dos Peixotos e a Casa Gótica dos Valadares, e tantos outros que lhe dão uma identidade própria e características na cidade de Guimarães.
Largo do Toural
Considerado hoje como o coração da cidade, era no século XVII um largo extramuros junto à principal porta da vila, onde se realizavam a feira de gado bovino e outras de diversos produtos.
Em 1791 a Câmara aforou o terreno junto à muralha para edificação de prédios, que foram feitos mais tarde segundo planta vinda possivelmente de Lisboa, e determina-se assim, o início da lenta transformação do Toural. Na segunda metade do século é construído o Jardim Público, rodeado por um gradeamento de ferro, que abre em 1878. Para este espaço é criado um mobiliário urbano enquadrado na nova arquitectura do ferro: coreto, mictório, bancos e candeeiros. Com a implantação da República o Jardim Público é transferido para outro local, sendo então colocada no centro do Toural, agora remodelado, a estátua de D. Afonso Henriques. Alguns anos depois esta vai para o Parque do Castelo e é substituída por uma vistosa Fonte Artística.
Rua D. João I
A Rua D. João I foi outrora uma das ruas mais movimentadas de Guimarães, uma vez que era o local de saída para o Porto.
Mantém ainda um aspecto vetusto que lhe é dado pelo ambiente escuro e algo sombrio, pela estreiteza da rua e pelas casas antigas com varandas de balaústres em madeira.
Um dos monumentos mais importantes que aqui pode ser admirado é o Padrão de D. João I, obra do século XVI, cujo magnífico cruzeiro é coberto por uma espécie de baldaquino renascença. Foi ligeiramente deslocado do local inicial onde se encontrava em finais do século XIX, devido ao intenso movimento da rua.
Outro dos monumentos importantes aqui existentes, é o edifício da Venerável Ordem Terceira de S. Domingos, edifício do século XIX, cujos alicerces começaram a ser erigidos em 1836, sendo solenemente inaugurado em 1840. Alguns anos depois, em 1854, iniciou-se o Hospital dos Entrevados pertencente à mesma Ordem Terceira.