Projetos artísticos de criação no âmbito do projeto Bairro C já têm vencedores
Já são conhecidos os resultados das OpenCall para Arte Pública/Arte Urbana e Programação Cultural, no âmbito do projeto de intervenção urbana Bairro C.
No âmbito do BAIRRO C, a Câmara Municipal de Guimarães apresentou uma OPEN CALL, direcionada para a área da Arquitetura, cujo objetivo foi selecionar trabalhos de reinterpretação territorial - através de sinalização, ocupação de praças ou de objetos de espaço público, adequados à estratégia preconizada para o Bairro C, promovendo uma reaproximação segura e confiante entre criadores, público e comunidade.
De acordo com o estipulado no calendário, hoje são conhecidos os projetos vencedores.
OPEN CALL – ARTE PÚBLICA / ARTE URBANA | projetos vencedores
Projeto
AS GENTES DE COUROS (Miguel Lopes Machado)
A tradição do trabalho do couro é já antiga em Guimarães. A herança legada pela indústria de curtumes em Guimarães encontra-se espalhada por diferentes localidades do concelho. O quarteirão que preserva a memória do trabalho ligado a uma atividade quase desaparecida do contexto económico vimaranense está agora a ser transformada no Bairro C, o bairro dos caminhos da Cultura e da Criatividade.
Esta intervenção artística urbana procura criar uma relação entre o passado e o futuro desta zona da cidade, aliando a tradição à contemporaneidade, ao mesmo tempo que homenageia de forma simbólica estas gentes que com o seu trabalho árduo fizerem crescer a cidade de Guimarães.
Autor
Nuno Miguel Lopes Machado nasceu, em 1979 em, Guimarães. É formado em artes plásticas, pela Escola Superior Artística do Porto. Expõe com regularidade desde 1996. Nos últimos anos, tem procurado mergulhar em todo o riquíssimo historial sociocultural e industrial que marca o Norte de Portugal, e todos os seus vales, abarcando diversas histórias, individuais e coletivas. Tem-se focado num trabalho artístico feito para e com a comunidade.
Projeto
BATER, MOER, ESTICAR E AMACIAR (Luís Canário Rocha/Rolando Ferreira)
Luís Canário Rocha (artista visual) e Rolando Ferreira (sonoplasta), dois agentes culturais vimaranenses de áreas distintas, resolveram unir forças para criar uma proposta desafiante que concilia de forma eficaz as suas valências distintas numa peça única de Arte urbana. Os artistas propõem-se criar instalação artística Pública/Urbana, combinando o universo plástico com o universo sonoro, explorando os conceitos de território, memória, manipulação e interatividade.
O objetivo primordial passa pela apropriação e transformação de um moinho antigo de casca num objeto de manipulação de sistemas mecânicos de produção sonoros, inspirados nas máquinas de couros e naquilo que seria o ambiente laboral das fábricas de curtumes - uma extensão sonora e visual do ruído industrial e dos ofícios.
O espectador será desafiado pela obra e pelos artistas a interagir e a manipular as suas múltiplas formas, ficando assim a conhecer um pouco mais da sua história e da sua origem através de várias camadas sensitivas - visual, sonora, tátil.
É importante para os artistas criar novas relações entre a comunidade o território e a memória, através da prática artística.
Autores
Rolando Leite Ferreira é licenciado em Música Eletrónica e Produção Musical na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco (2012). Em 2017 criou o projeto Mister Roland, fez vários concertos em duo, quarteto, ou quinteto e, em 2018, foi convidado pelo festival WestWay Lab para participar numa residência artística com Laure Briard, compositora Francesa. Em 2019 editou o seu primeiro Longa Duração “Trembling Giant”. Trabalhou em várias instalações artísticas, a destacar a colaboração com Ann Hamilton na edição de 2018 da Contextile e com Diogo Mendes em 2020 numa encomenda da Outra Voz Associação.
Luís Canário Rocha nasceu em 1986 e é natural de Guimarães. Fez a sua formação académica em pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Pertence a uma geração de artistas que aplica a aprendizagem da academia à intervenção urbana, devolvendo ao desenho e à construção do real, espaço privilegiado. Da rua e das linguagens de intervenção urbana, traz a paleta viva, as palavras (repletas de conotação social e política) que povoam o suporte e os temas. Assume-se como um artista recolector, que transporta para o seu universo artístico os pedaços de madeira que vai colecionando no seu dia-a-dia. Com esses objetos vem também a carga social que transportam. O registo mundano, citadino, cru e descartado, de uma sociedade líquida que consome e se consome à velocidade da luz. É membro fundador da Astronauta associação cultural, ao qual preside desde 2019 até à data. Assume também as funções de cenógrafo da CARB e da Astronauta associação cultural.
OPEN CALL – PROGRAMAÇÃO CULTURAL | projetos vencedores
Projeto
BAIRRO CORAL (Outra Voz e Discos de Platão)
O período que se aproxima é conhecido na cidade pela forte presença festiva e de celebração, com pendor tradicional e popular, onde o urbano se funde com o rural, o profano com o religioso e o popular com o contemporâneo. As praças e ruas são povoadas por uma comunidade que acorre à cidade para celebrar as tradições, as memórias populares, o labor rural.
Nos últimos tempos, as tradições populares assumiram destaque na importância da salvaguarda patrimonial, procurando-se o cruzamento entre intérpretes de diferentes mundos artísticos, de diversas linguagens e com passados e presentes distintos. Em conjunto, procuram perpetuar manifestações que nos representam e nas diversas apresentações que ocorrem pela cidade encontramos estas demonstrações, seja em festivais de teatro, de circo, exposições, instalações, concertos ou arruadas.
O programa que agora expomos deseja trazer ao Bairro C um conjunto de atuações singulares e em consonância com esta ideia de disseminação cultural maior. Terá como farol a existência oral e tradicional da expressão musical, porém, com uma abordagem contemporânea, acreditada e de reconhecida qualidade, expressa nos artistas e coletivos que apresentaremos.
Autores
Outra Voz
“Outra Voz” é um grupo de comunidade dedicado à expressão e exploração vocais a partir da música de tradição e transmissão oral e não apenas. Criado a 18 de Julho de 2010, a partir da Área de Comunidade a programação da Guimarães 2012, constitui o único projeto artístico que permaneceu para além da realização da Capital Europeia da Cultura. Constituída em 2013 como Associação Cultural sem fins lucrativos, a “Outra Voz” tem a sua atividade regular de ensaios distribuída por diferentes freguesias do concelho de Guimarães (Academia de Bailado de Guimarães, ADCL de S. Torcato, Casa do Povo de Briteiros, Junta de Freguesia de Lordelo, Junta de Freguesia de Pevidém e Junta de Freguesia de Nespereira). Com uma formação que conta com cerca de uma centena de participantes, a “Outra Voz” é um ponto de encontro entre pessoas, bem como um genuíno fenómeno de autonomia e auto-organização efetivamente comunitária. A Outra Voz é sobretudo, um local onde todos podem partilhar a sua voz com os outros!
Discos de Platão
Não é essencial provar se Platão existiu para acreditar que o pensamento construído à volta desse nome é fulcral para o desenvolvimento das conceções do mundo ocidental. Do caos brota uma ideia e dessa ideia o caos se ordena. Dessa criação surgem outras que planeiam divulgar o imaginário de músicos através dos seus discos. Eis que surge então a Discos de Platão. Discos de Platão é um projeto que surge da vontade de restaurar a posição e possibilidades de uma editora, pensada não para si mesma, mas como plataforma de suporte dos músicos que são e devem ser, logicamente, sempre ser o seu foco. Tendo sido criada por três músicos, é também uma tentativa de cada um desses projetos se tornar mais independente e, ao mesmo tempo, de potenciar uma certa liberdade de criação e de apoio por outros projetos que admiramos. Acima de tudo procuramos que Discos de Platão seja o mais fluido possível, na medida em que, ao invés de nos focarmos na aplicabilidade ao mercado de um dado projeto, viremos as nossas atenções para aquilo que possui em si uma qualquer honestidade.
Projeto
CONTOS & CONTINHOS EM COUROS & COURINHOS (Mercado Azul)
Através da Literatura e da conjugação entre várias linguagens artísticas como artes cénicas, performativas e visuais contam- se histórias infantis e dinamiza-se uma oficina criativa com materiais exploratórios da criatividade individual. É uma proposta para Apresentação em locais a definir no Bairro C e para a cidade de Guimarães, de programação cultural nas Artes Performativas e Literatura com cariz de apresentação e/ou performance para famílias e crianças.
Criam-se oficinas de conto de histórias para crianças e famílias presenciais ao ar livre e em locais inusitados do bairro C, garantindo todas as condições de saúde publica e segurança dos participantes.
Estas sessões de conto com oficina incluída serão realizadas ao ar livre, em locais selecionados no perímetro geográfico do BAIRRO C, durante o dia, ao fim -de -semana com a duração de 1H por sessão, com inscrição até 8 participantes e respeitando todas as regras da DGS.
Autor
A Mercado Azul – Cooperativa de Cultura CRL, nasceu em Guimarães a 08 de novembro de 2008. Neste espaço criamos uma livraria infantil com títulos em várias línguas, brinquedos ecológicos e sustentáveis intemporais e desenvolvemos uma ludoteca onde a forma de aprendizagem mais valorizada é o brincar.
Durante estes 12 anos criamos festas de aniversário com histórias, desenvolvemos a hora do conto com oficinas para crianças e famílias, criamos parcerias com a comunidade vimaranense e espaços diversos dos 0 aos 100 anos acreditando que “A lógica leva-nos do ponto A ao B mas a imaginação leva-nos a todo o lado”. No âmbito da Capital Europeia da Cultura – Guimarães 2012 criamos várias propostas e objetos artísticos sempre em estreita colaboração com artistas e comunidade como instrumento de uma cocriação participada.