Projetos de mobilidade apresentados em sessão extraordinária da Câmara Municipal

Sessão descentralizada deu a conhecer os principais estudos e intervenções previstos para melhorar o transporte público e a circulação no concelho.
A Câmara Municipal de Guimarães promoveu, no dia 28 de abril, uma sessão extraordinária e descentralizada no Centro Cultural Vila Flor, dedicada à apresentação de estudos e projetos no âmbito da mobilidade urbana e regional.
A sessão permitiu divulgar os principais eixos de intervenção em curso, com destaque para o desenvolvimento de soluções de transporte coletivo em via dedicada, a reorganização da rede rodoviária urbana e a execução de novas ligações viárias.
Um território disperso que exige soluções integradas
O diagnóstico apresentado reconhece um traço comum às principais cidades portuguesas — como Porto e Lisboa — onde o transporte individual (TI) continua a dominar. No caso de Guimarães, essa realidade é reforçada por um território naturalmente disperso. A resposta do município passa por uma reestruturação profunda do transporte público (TP), em canal dedicado, mais oferta, melhor cobertura, maior integração e uma frota mais sustentável.
A nova rede de transporte rodoviário urbano e suburbano prevê um aumento considerável na oferta, veículos não poluentes e de um tarifário mais justo, especialmente ao nível dos transbordos.
A aposta assenta também na articulação com a estrutura ferroviária e do serviço de comboio existente de ligação ao Porto, através da relocalização de apeadeiros, modernização das estações, tramos de via dupla, para a implementação de um serviço de transporte publico de passageiros local em “Metro Ferroviário”, descongestionando a EN 105.
Sistema BRT Guimarães-Braga: mobilidade de alta capacidade
O destaque da sessão foi o sistema de BRT entre Guimarães e Braga, uma infraestrutura com 20,5 km em canal dedicado, à qual se junta um ramal de 3,5 km até ao AvePark e ao loteamento industrial da Gandra. Este sistema descarbonizado e de alta frequência transportará mais de três milhões de passageiros por ano e ligará diretamente à futura estação ferroviária de Alta Velocidade.
Para além dos estudos já realizados (levantamentos topográficos, sondagens geotécnicas, estudo de procura e de viabilidade económico-financeira e estudo do material circulante, esta fase do projeto, já em desenvolvimento, contempla a ligação entre Guimarães (cidade), Fermentões, Ponte, Caldas das Taipas e AvePark, com a construção de várias paragens, estrategicamente localizadas em zonas de maior densidade populacional. O objetivo é garantir que a infraestrutura serve efetivamente as pessoas, aproximando o transporte público do quotidiano das comunidades. A aposta é num serviço rápido, regular, fiável e confortável, capaz de competir com o transporte individual e facilitar a mobilidade diária de milhares de cidadãos.
Segundo os estudos apresentados, esta é a primeira etapa de uma rede mais ampla no Quadrilátero Urbano do Minho (Guimarães, Braga, Famalicão e Barcelos). A avaliação técnica do traçado inclui fases de contagens veiculares, análise de desempenho viário, modelação em 3D e propostas de mitigação, garantindo uma inserção urbana equilibrada e eficiente.
Do ponto de vista técnico e económico, o BRT/MetroBus com frota elétrica a bateria foi considerado o mais viável, tendo em conta os benefícios sociais e ambientais esperados, as características técnicas do traçado e a dimensão da população a servir.
Infraestruturas para melhorar o trânsito local
Além do BRT, foram também revelados quatro projetos com impacto direto na mobilidade urbana dentro do concelho:
- Acessibilidade à Circular Urbana e Salgueiral – Melhorias nos acessos ao Multiusos e soluções para aumentar a fluidez na EN105.
- Nova saída da Rua António Costa Guimarães – Alternativa viária para aliviar a Rua Eduardo Almeida e melhorar a ligação ao Monte Cavalinho e Avenida D. João IV.
- Ligação entre a Avenida D. João IV e Urgezes – Diminuição da carga rodoviária na Rua Francisco Santos Guimarães e reforço da ligação à zona nascente da freguesia.
- Ligação à Circular Sul/Nascente – Alternativa viária que alivia a Avenida D. João IV e melhora a mobilidade na zona nordeste da cidade.
Uma visão a longo prazo
A abordagem é faseada, tecnicamente fundamentada e alinhada com objetivos de descarbonização, melhoria da qualidade de vida urbana e desenvolvimento regional articulado.