Divisão Centro Histórico
O centro histórico de Guimarães, cuja história está intrinsecamente ligada à formação da identidade nacional de Portugal, conserva um conjunto de construções históricas que ilustram a evolução dos diferentes tipos edificados desde a Idade Média até ao século XIX.
Até meados de 1980, este conjunto de reconhecido valor formal encontrava-se num processo de rápida degradação física e social que parecia impossível travar.
Por estes factores a Câmara Municipal criou, em 1985, um gabinete municipal (GTL) para gerir um processo de recuperação do centro histórico.
Ao projecto de recuperação presidiam os objectivos de manutenção da população residente, proporcionando melhores condições de habitabilidade, e a preservação/reposição da autenticidade dos modos de intervir no património.
Em relação a este último ponto pretendia-se que intervenções levadas a cabo pelo GTL tivessem um carácter exemplar constituindo assim actos pedagógicos e incentivos à iniciativa particular na reabilitação do centro histórico.
Neste contexto procedeu-se, em 1985, à recuperação da Casa da Rua Nova que constituiu a primeira intervenção do GTL. O reconhecimento da qualidade da actuação levada a cabo neste edifício com o Prémio Europa Nostra, sublinhou os critérios de restauro adoptados e contribuiu enormemente como incentivo e exemplo às restantes actuações no centro histórico.
Na recuperação do conjunto edificado histórico promove-se a manutenção dos sistemas construtivos – granito, taipa de fasquio, taipa de rodízio. Para o efeito tem sido utilizada mão-de-obra local, materiais e técnicas tradicionais, não só no sentido de obter uma unidade construtiva como uma unidade formal e ambiental.
Nos últimos catorze anos foram intervencionados 314 edifícios, dos quais 103 (20,8%) foram objecto de intervenção com financiamento da Administração Central e Local e 225 (45,6%) intervencionados pela iniciativa privada sem qualquer comparticipação. As intervenções no edificado classificam-se, essencialmente, em dois tipos: obras profundas (ao nível estrutural e reorganização espacial interior) e obras de beneficiação (reparação da cobertura e beiral, reparação de caixilharias, pintura de fachadas, bem como, sempre que necessário, a introdução de instalações sanitárias, de acordo com a capacidade financeira dos proprietários).
O GTL, através dos financiamentos internos e do governo central, tem estruturado um conjunto de actuações que, além dos edifícios, incide também nos espaços públicos como método para induzir o investimento do capital privado nos edifícios que confinam aqueles espaços.
Mantendo embora um carácter específico das diversas épocas da evolução da cidade legíveis nas diversas arquitecturas, matrizes cadastrais e nos novos desenhos dos espaços públicos, as intervenções nos espaços públicos confere-lhes maior dignidade também através da introdução de infra-estruturas até então muito deficitárias ou mesmo inexistentes (saneamento, rede eléctrica, rede de gás, rede telefónica, rede de televisão por cabo, etc.), assim como ao nível da iluminação pública, do equipamento/mobiliário urbano (papeleiras, quiosques, sinalética, etc.).
Através da reabilitação dos espaços públicos devolvem-se praças, largos e arruamentos à cidade, aos seus habitantes e visitantes, que com o continuado crescimento da cidade se tinham convertido em espaços caóticos de estacionamento automóvel.
Actualmente, encontram-se já reabilitados cerca de 90% dos espaços públicos da área intra-muros, salientando-se as zonas de peões (praças e arruamentos transformados em zonas pedonais), as vias motorizadas condicionadas (de acesso apenas a moradores), e vias com estacionamento lateral permitindo zonas de paragem na cidade histórica.
Estas actuações constituem uma valiosa contribuição pela autenticidade que têm mantido/reposto mas também pela reintegração da cidade histórica como lugar de encontro, de identidade e de cultura na CIDADE NOVA.