Bairro C
Nas últimas décadas, Guimarães procurou alicerçar a sua visibilidade internacional num conjunto de projetos estratégicos, de médio e longo prazo, capazes de potenciar processos de regeneração urbana, valorização do património histórico edificado e potenciação do tecido de indústrias criativas, através de programação e criação contemporânea.
A inclusão do Centro Histórico de Guimarães na Lista indicativa do Património Cultural da UNESCO, em 2001, e a Capital Europeia da Cultura, em 2012, são os maiores marcos desta estratégia delineada há mais de 30 anos.
A atração de visitantes, a promoção da imagem da cidade, a melhoria das infraestruturas locais – recuperação dos equipamentos culturais e dos espaços urbanos centrais degradados –, o envolvimento da cidadania, juntamente com a mobilização da comunidade artística local, são aspetos com uma presença crescente nos programas das cidades contemporâneas, onde a criatividade e inovação se assumem como motores centrais da economia e sociedade.
Guimarães encontra-se inserida numa região dinâmica e empreendedora, com uma vasta tradição industrial e exportadora, com uma especialização produtiva assente em setores tradicionais de reduzido valor acrescentado. Estas indústrias, sobretudo a têxtil e a do vestuário, têm vindo a perder importância desde o início da década de 1990, em resultado da globalização e da forte concorrência dos mercados emergentes.
Nas estratégias adotadas para combater os efeitos negativos desse processo de desindustrialização, a aposta no sector terciário, nomeadamente no turismo e indústrias criativas, tem ocupado um papel central na definição das políticas públicas municipais e na reconversão funcional de unidades industriais devolutas.
O projeto “Bairro C – Caminhos de Cultura e Criatividade” pretende estruturar-se no território – ligação entre Zona de Couros, Caldeiroa e Avenida Conde Margaride - como um laboratório de ideias assente nos pilares da Cultura, Criatividade, Conhecimento e Ciência; um espaço para inovação e experimentação, quer do ponto de vista tecnológico, quer de novas estéticas e linguagens artísticas, oferecendo novas leituras sobre a relação entre a cidade, a criação artística e a comunidade.
Este é um projeto pensado para três anos: iniciando com a exploração dos conceitos que se pretendem absorver em anos vindouros; passando pela comemoração dos 20 anos de Património Cultural da UNESCO; finalizando com a referência dos 10 anos de Capital Europeia da Cultura (2022) - aproveitando para debater o legado, presente e desafios futuros, destas distinções.
Em termos programáticos, o projeto estabelece 4 áreas fulcrais: C Cultura (Programação Cultural), C Conhecimento (Conferências e Publicações), C Criatividade (Arte Pública e Arte Urbana) e C Comunidade (Mediação Cultural e Projetos de Comunidade).
A adoção do modelo estratégico “cultural-led urban regeneration” procura induzir no território um conjunto de transformações sólidas e duráveis, assentes nos seguintes vetores/objetivos:
- Interpretar o território abrangido pela Zona de Couros, Teatro Jordão, Rua da Caldeiroa, Casa da Memória de Guimarães e Centro Internacional das Artes José de Guimarães, e respetivos percursos pedonais, consubstanciando discursivamente a implantação prévia de equipamentos criativos, culturais e científicos;
- Promover a reconversão do tecido económico, através do desenvolvimento do setor terciário e das indústrias culturais e criativas, estimulando a competitividade, inovação e criação de emprego qualificado;
- Assumir a Arte Urbana como expressão artística de espaço público, alargando as oportunidades para artistas de várias áreas, apoiando a criação artística e proporcionando um contacto abrangente da população com a mesma;
- Sensibilizar a população para a importância do património histórico edificado do território e do património natural, especialmente a ribeira de Couros, promovendo a participação cidadã na definição das políticas públicas e no modelo de cidade preconizado;
- Construir um corpo teórico pluridisciplinar que permita o desenvolvimento de reflexões mais fundamentadas sobre a cidade contemporânea e os desafios que a circunscrevem;
- Valorizar o património material e imaterial do território, através de intervenções de regeneração urbana, e diversificar a oferta turística associada, corporizando uma programação cultural em rede que consolide atividade permanente no espaço;
- Desenvolvimento de linhas de programação que fomentem a cooperação institucional e a mediação de públicos.