Extensão da área Património Mundial (em curso)
Está em curso a candidatura do Centro Histórico de Guimarães e Zona de Couros à Lista do Património Mundial, considerando o alargamento da área classificada passando a englobar, para além da área intra-muros, a zona baixa da cidade, associada ao rio de Couros, conhecida como Zona de Couros. Esta ampliação abrange ainda um contínuo urbano que se estende até à rua D. João I.
No conjunto, a área classificada agora proposta, aponta um novo sentido à leitura do “Centro Histórico de Guimarães”, incorporando os espaços primitivos do trabalho na compreensão da génese e desenvolvimento. Até à candidatura, estava consolidada a ideia de que a génese de Guimarães era bipolar: em torno da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, e em torno do Castelo, à cota alta. Hoje sabemos que, à cota baixa, se desenvolviam as atividades de curtimenta (certamente, entre muitas outras) e, nesse sentido, é incompleta a noção do burgo medieval sem a compreensão destas inter-relações.
A paisagem urbana que o Centro Histórico de Guimarães apresenta é singular, pela diversidade tipológica, tanto ao nível do edificado como dos espaços públicos. E no caso do edificado, a preservação da organização interna dos edifícios, associada à preservação dos sistemas construtivos (baseados em granito, madeira e argamassas “pobres” de cal, fundamentalmente). Esta paisagem é contínua entre a área intra-muros e a área agora proposta como extensão do Património Mundial. Mas na Zona de Couros há tipologias que acrescentam à singularidade do Centro Histórico. São milhares de metros quadrados de tanques de curtimenta, pelames, lavadouros; rodeados ainda, alguns, pelas edificações que serviam à secagem e tratamento dos curtumes. Uma paisagem única, que se relaciona com um período áureo desta indústria em Guimarães, com proeminência a nível nacional, no século XIX e XX.
O que hoje se vê em Couros resulta do desenvolvimento da indústria nos últimos 100-200 anos, sobrepondo-se, por exigências funcionais, produtivas, às preexistências. Documentalmente, já no século XII o rio é designado como “rio de Couros”. Mas parece cada vez mais certa a hipótese da génese desta atividade, neste local, ser muito mais remota, por exemplo, considerando as referências às trocas comerciais presentes no testamento de Mumadona Dias (ano de 959).
O Castelo, a Colegiada, o burgo de génese medieval, o burgo de Couros; no conjunto, Guimarães ilustra uma série de fases da evolução da sociedade, do urbanismo e da arquitetura que são únicos, excecionais e que por isso exigem ser conhecidos, estudados, salvaguardados, valorizados e divulgados, no sentido do enriquecimento cultural de toda a comunidade. Esse é o repto do Património Mundial.
Procedimentos para a classificação (desenvolvidos e em desenvolvimento)
A inscrição na Lista Indicativa de Portugal ao Património Mundial da Unesco, em maio de 2017, publicada na lista no documento WHC/17/41.COM/8A do Comité do Património Mundial, determina oficiosamente a abertura de procedimento de classificação, no grau de interesse nacional, e de fixação da respetiva zona especial de proteção, de acordo, e nos termos, do D.L. n.º 309/2009, de 23 de outubro.
No sentido de obviar dúvidas interpretativas e processuais no que respeita ao desenvolvimento do procedimento de classificação do Centro Histórico de Guimarães e Zona de Couros como Bem de Interesse Nacional, o Município formalizou uma Proposta de Inscrição como Bem de Interesse Nacional submetida à Direção-Regional de Cultura do Norte (DRCN), após reuniões com a Comissão Nacional da Unesco, com a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e com a DRCN.
Síntese cronológica dos principais procedimentos decorridos até à data:
—Submissão da candidatura à Lista Indicativa de Portugal ao Património Mundial.
outubro de 2015
—Conclusão do processo de atualização da Lista Indicativa de Portugal ao Património Mundial.
maio de 2016
—Apresentação da revisão da proposta de candidatura considerando as recomendações do Grupo de Trabalho do Património Mundial, na Comissão Nacional da Unesco (Lisboa).
janeiro de 2018
—Apresentação da nova proposta à DGPC (Lisboa).
janeiro de 2018
—Apresentação da proposta de Inscrição como Bem de Interesse Nacional à DRCN (Porto).
março de 2018
—Formalização (ofício) de Proposta de Inscrição como Bem de Interesse Nacional à DRCN.
março de 2018
—1ª Reunião/Visita com a DRCN in situ ao Centro Histórico centrada na avaliação da delimitação da Área Classificada proposta, da qual resultou a constatação de necessidade de revisão dos limites propostos.
março de 2019
—1ª Reunião entre o Gabinete de Couros (candidatura), responsáveis da DRCN e técnicos da Divisão do Centro Histórico (DCH).
maio de 2019
—Primeira versão da proposta de inscrição, formalizada junto da Comissão Nacional da Unesco.
janeiro de 2021
—Publicação em Diário da República da retificação do Aviso n.º 1571/2010, referente à inscrição do Centro Histórico de Guimarães na Lista do Património Mundial.
janeiro de 2021