Projeto inovador em Portugal muda recolha de lixo no Centro Histórico de Guimarães
Câmara Municipal apresentou sistema onde a recolha será efetuada por uma viatura elétrica, que percorrerá todo o Centro Histórico em diferentes períodos do dia. Cidadão vai entregar diretamente o seu saco de lixo indiferenciado ou reciclável. E só pagará os resíduos que produzir.
O sistema de recolha de resíduos no Centro Histórico de Guimarães vai mudar, já a partir do mês de dezembro. Num projeto pioneiro, resultado da conjugação de esforços entre a Câmara Municipal, a Vitrus Ambiente e a Resinorte, será introduzido o sistema PAYT (pay-as-you-throw), onde o cidadão e os empresários do Centro Histórico só vão pagar o lixo que produzirem. Para isso, será disponibilizado um mini ecoponto por cada habitação para a separação do lixo reciclável (papel, vidro, plástico) e cada morador ou comerciante vai passar a utilizar sacos próprios e adequados à deposição do lixo doméstico. Quantos menos sacos utilizar, menos vai pagar.
Se até agora o cálculo da tarifa que cada cidadão pagava pelo lixo era indexado ao consumo de água na sua habitação, não existindo nenhuma compensação pela separação do lixo ou pela sua redução, com este novo projeto o cidadão é incentivado a reduzir, a reutilizar e a reciclar, num sistema que será mais justo, mais cómodo e mais amigo do ambiente. «Temos em Guimarães inteligência coletiva propícia à aplicação de conhecimento. Agora, temos de explicar, sem limite, um processo inovador que irá transformar o território para cada vez mais amigo das pessoas, que é delas e para elas», afirmou Domingos Bragança, Presidente do Município de Guimarães, na sessão de apresentação do projeto, que decorreu na extensão do Museu Alberto Sampaio, na Praça S. Tiago.
A viatura elétrica de recolha do lixo efetuará várias passagens diárias por todas as ruas do Cento Histórico, iniciando o seu percurso, de segunda a quinta, às 07:30 horas, com novas passagens às 09h30, 13h30, 15h30, 19h30, 21h30 e 00h30. Às sextas e sábados, será efetuada uma passagem extra às 02h30. Fora destes períodos, é proibida qualquer deposição de lixo na via pública. «Sinto que a comunidade se apropriou deste projeto. Estão aqui muitos moradores e comerciantes e a questão da envolvência está no bom caminho. O objetivo é aumentar o conforto e bem-estar da sociedade vimaranense, vivendo em harmonia com a natureza. Quando queremos, conseguimos!», enalteceu o responsável pela Autarquia.
Ecopontos retirados do espaço urbano do Centro Histórico
A empresa municipal Vitrus Ambiente vai oferecer um mini ecoponto por cada habitação e iniciará a venda dos sacos próprios para a deposição dos resíduos domésticos ou indiferenciados, cuja capacidade unitária é de 30 litros para consumidores residenciais e de 50 litros para o comércio. Os sacos podem ser adquiridos nas instalações da Vitrus ou diretamente na viatura elétrica que passará a fazer a recolha. Os restantes resíduos (papel, plástico e vido) devem ser colocados nos ecopontos. «Vamos ter a função que tinha antigamente o padeiro, mas no nosso caso iremos, porta a porta, recolher o lixo», metaforizou Daniel Pinto, Diretor Executivo da Vitrus.
Atualmente, em Guimarães é cobrada uma tarifa fixa e uma tarifa variável pela recolha do lixo, indexadas ao consumo de água na habitação e comércio e pagas através do recibo da água. A tarifa variável passa a estar indexada ao saco do lixo que o cidadão comprar, pelo que cada utilizador é que acaba por definir a tarifa que vai pagar, na medida em que quanto mais separar e menos lixo doméstico produzir, menos sacos vai utilizar e menos vai pagar.
A campanha de sensibilização começou no dia em que Guimarães inaugurou a programação da Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, que decorrerá até ao próximo domingo, 29 de novembro, envolvendo mais de 20 associações vimaranenses, no âmbito da iniciativa europeia “European Week for Waste Reduction”, cujas ações visam a consciencialização e a educação da população para a sustentabilidade ambiental. «Introduzimos na nossa praxis a adoção de comportamentos ambientais e o caminho está a ser feito», realçou Amadeu Portilha, Vice-Presidente do Município, com competências delegadas na área do Ambiente. A ação de sensibilização inclui, ainda, a distribuição de 30 mil toalhetes de papel pelos restaurantes de Guimarães, com referências alusivas ao conjunto de iniciativas promovidas pela Câmara Municipal.
Do papel para a prática
O novo modelo de recolha de resíduos resulta de um projeto da vimaranense Dalila Sepúlveda, Chefe de Divisão dos Serviços Urbanos da Câmara Municipal de Guimarães, distinguida em 2014 com o Prémio “Obra Escrita Original Green Project Awards”, com a apresentação do conceito “Pay-As-You-Throw”, uma inovadora proposta para a aplicação de um sistema de pagamento de deposição de resíduos que beneficia cidadãos que promovam a reciclagem de resíduos indiferenciados.
O sistema PAYT já está a ser aplicado em diversas cidades europeias, com o sistema de Guimarães a assemelhar-se ao modelo belga, contudo, ainda não foi aplicado em nenhum município nacional. «Por dia, em média, cada casa produz 14 litros de resíduos. Realizamos um inquérito no centro de Guimarães e 70% das pessoas concorda com a solução de beneficiar quem recicla e quem faz a separação doméstica», disse.
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