Circo contemporâneo está de volta às ruas do Quadrilátero Cultural

O Festival Internacional Vaudeville Rendez-Vous apresentou a programação da edição de 2023, numa sessão no Museu Alberto Sampaio e que contou com a participação de representantes dos quatro municípios. Promovida pelo Teatro da Didascália, a iniciativa irá realizar-se entre os dias 18 e 22 de julho, nas cidades que compõem o Quadrilátero Cultural – Barcelos, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão – e contará com 11 espetáculos de circo contemporâneo, dos quais quatro estreias nacionais, uma absoluta e duas coproduções. Às mais de duas dezenas de apresentações, que irão acontecer nas ruas das quatro cidades onde ocorre o festival, juntam-se oficinas de formação e um programa paralelo dedicado a artistas, estudantes e agentes culturais nacionais e internacionais.

A intervenção de Paulo Lopes Silva, vereador da Câmara Municipal de Guimarães, centrou-se em quatro eixos. O primeiro, referente à cooperação regional, característica do Vaudeville, deve ser “algo a continuar a explorar”, dada a qualidade fortemente cultural dos territórios do Quadrilátero Urbano. Esta cooperação permite uma maior afirmação de toda a região a nível nacional e demonstra aquilo que se pode atingir quando os Municípios do Quadrilátero se unem em torno de algo.

O segundo eixo debruçou-se sobre a programação cultural no Verão, altura que se “quer voltar ao espaço público para valorizar o património e dinamizar a cidade do ponto de vista económico e turístico”, considerando que são “eventos como este que diversificam a oferta e criam circuitos turístico-culturais orgânicos entre os quatro municípios”.

Para Paulo Lopes Silva, existe também uma dimensão dedicada à formação, área onde Guimarães se afirma “pelo fomento da criação artística e da formação dos novos profissionais”, quer através da “formação artística e performativa no ensino articulado e ensino superior”, como através de iniciativas de fomento à criação nova.

Por fim, mas não menos importante, Paulo Lopes Silva considera que “se há uma parte que apresenta uma nova abordagem e novas propostas”, numa constante procura da novidade e da urgência, também há o cuidado na revisitação a obras e à “não-urgência, algo que não procura sempre o novo ou a novidade” como forma de consolidação de obras, artistas e festival.

Paulo Lopes Silva terminou a sua intervenção referindo-se à recente assinatura em Bruxelas do Pacto para Cultura com Baixo Carbono e Mais Inclusiva, desafiando os restantes municípios a aderir, para que “no próximo ano estejamos todos com este compromisso assinado, capazes de tornar este festival uma verdadeira âncora da cultura carbono zero”.

O Festival

Na nona edição do Vaudeville Rendez-Vous – e a um passo de comemorar 10 anos de Festival –, o Teatro da Didascália apostou, para os conteúdos programáticos, na reescrita de uma série de espetáculos que passaram pela iniciativa em edições anteriores e noutros contextos da programação nacional. A edição de 2023 ficará, assim, marcada pelo revisitar de várias obras que são o culminar de processos de reflexão de vários artistas e companhias. Exemplo disso mesmo é a estreia absoluta do espetáculo Solos a 180o – da companhia portuguesa Radar 360o –, que tem como mote para esta sua nova criação a estrutura cenográfica de um espetáculo anterior. Esta criação nacional poderá ser vista, pela primeira vez, a 20 de julho, às 19h00, na Praça de Pontevedra, em Barcelos, e a 22 de julho, às 11h00, no Jardim do Museu dos Biscainhos, em Braga.

Estreias nacionais francesas, espanholas e belgas chegam ao Festival

De França, Espanha e Bélgica chegam ao Vaudeville criações que se irão estrear em solo nacional. A companhia francesa Le Doux Supplice irá apresentar o espetáculo En Attendant Le Grand Soir, que promete desafiar a própria gravidade, revelando momentos de dança e acrobacias. A atuação poderá ser vista a 19 de julho, às 22h00, no Largo do Pópulo, em Braga, e a 22 de julho, no topo norte da Praça D. Maria II, em Famalicão.

Já de Espanha chega Runa – uma criação da companhia Cia 104 de Amer Kabbani – que, entre ruínas de um mundo em chamas, surge em cena como testemunha de um necessário processo de reconstrução pessoal e coletiva. Para assistir a 20 de julho, às 22h00, no pátio do Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, e a 21 de julho, à mesma hora, no Polidesportivo da Quinta do Aparício, em Barcelos.

Ainda de Espanha, irá, também, marcar presença no Festival Manolo Alcántara, que irá dar a conhecer Maña, um espetáculo em que o conceito é o engenho e irá “carregar o coração na manga” desde o início. A criação estreia- se a 20 de julho, às 22h00, na Praça Municipal de Braga, passando, também, pelo topo sul da Praça D. Maria II, em Famalicão, a 21 de julho, às 22h00, e pela Plataforma das Artes e da Criatividade, em Guimarães, no dia 22 de julho, às 22h00.

Grasshoppers (gafanhotos), da companhia belga Circus Katoen, é uma reprodução da resiliência e vulnerabilidade da natureza e do papel que

nós, como humanos, desempenhamos nela. A performance será apresentada na Praça de Pedra do Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, a 20 de julho, às 19h00, na Praça Municipal de Braga, a 21 de julho, também às 19h00, e, finalmente, na Praça Manuel SottoMaior, em Famalicão, a 22 de julho, às 19h00.

Vaudeville recebe oficinas e programa dedicado a profissionais da cultura

O Vaudeville Rendez-Vous não vive, contudo, apenas de espetáculos. Um dos destaques da programação da edição de 2023 passa pela dinamização de oficinas de criação – já recorrentes nas últimas edições da iniciativa – e por um programa paralelo pensado para artistas, estudantes e agentes culturais nacionais e internacionais. As oficinas de criação, agendadas para 18 e 19 de julho, em Barcelos e Braga, dão o mote de arranque ao festival. A nona edição do Festival integra, ainda, uma masterclass guiada pela companhia francesa Le Doux Supplice, uma mesa-redonda sobre escrita e dramaturgia no circo e uma sessão de pitching para programadores e agentes artísticos. Mais informações aqui.