Artigo de Opinião

Em Tempo de Pandemia, Viver a Cultura!
A Cultura desenvolvida pela Câmara Municipal de Guimarães teve sempre como objetivo estratégico a criação de novas centralidades de consumo e criação artística e cultural, abordando sempre novos palcos e formatos e novas filosofias de atuação: acrescentar novas camadas de significado cultural ao sedimentado, criar novas oportunidades para públicos e criadores, gerar mais patamares no desenvolvimento do público enquanto consumidor de Cultura e contribuir para o fortalecimento das relações humanas, da cidadania, do esclarecimento e da partilha.
A Cultura tem conquistado uma posição privilegiada no palco das manifestações socioculturais de Guimarães, atendendo à capacidade demonstrada na atração de público e no impacto significativo na procura turística. Invadir novos espaços públicos com espetáculos e performances de grande e pequeno formato, tem sido o nosso lema, tendo como missão a promoção e a valorização da criação nacional e internacional em várias áreas e formas transdisciplinares.
A pandemia de Covid-19 afetou de forma avassaladora o sector cultural e as indústrias criativas de todo o território nacional e local, impondo-nos uma estratégia singular, forte e significativa, tanto para dar continuidade às premissas delineadas para a Cultura vimaranense, como para alavancar o setor em Guimarães, obstando às dificuldades resultantes do quadro de restrições tendentes a conter a propagação viral. Assim, foram desenvolvidas várias linhas de ação que passaram por desenvolver um questionário dirigido às Associações Culturais para identificar situações de rutura ou especial dificuldade, pela realização do Mapeamento do Setor Cultural Vimaranense, e pelo alargamento dos prazos e reforço do IMPACTA (Investimento Municipal em Projetos e Atividades Culturais, Territoriais e Artísticas) entre outras medidas.
Em consonância com as diretrizes emanadas pela Direção Geral de Saúde, para o cumprimento escrupuloso das regras sanitárias preconizadas, houve a necessidade de reinvenção e reinterpretação da estratégia de desenvolvimento do território e da sua população. Neste contexto, nos termos do decreto-lei 10-I/2020 de 26 março, que estabelece medidas excecionais e temporárias de resposta à pandemia no âmbito cultural e artístico, em especial quanto aos espetáculos não realizados, impôs-se pela nossa parte uma proteção especial aos agentes culturais envolvidos. Impôs-se, também, e de forma ainda mais comprometida, o apoio logístico a atividades de promotores independentes.
Nesta sequência, procedemos ao reagendamento de todos os espetáculos e atividades que estavam previstas no período de estado de emergência ou confinamento, enquadrável no citado decreto-lei, assegurando ainda o pagamento de 50% dos montantes contratados. Assim, reorganizámos a nossa programação ao longo dos meses, apenas alterando datas e locais, sem haver lugar a cancelamentos definitivos e não realização de ações culturais.
O período pós confinamento permitiu, com todos os cuidados sanitários (criação de recinto improvisado, indicação das obrigatoriedades e recomendações ao público presente), continuar a viver e respirar Cultura. Como exemplo de ações realizadas, cito, pela sua importância e caráter simbólico, as conferências de apresentação e realização de projetos do Bairro C - Caminhos da Cultura e da Criatividade, as Comemorações do 25 de Abril e 24 de Junho por meios digitais, variadíssimos projetos desCONFI(n)AR, na sequência da open call “Projeta! Cria! Participa!”, da open call Gualterianas, a Agenda Digital com realização até esta data de 27 espetáculos, alguns transmitidos via streaming, outros para visualização no site “Em Guimarães”, criado com a premissa fundamental de dotar de meios digitais a Cultura vimaranense, entre outros projetos.
A Cultura em Guimarães não parou. Longe disso!
As dificuldades revelaram sempre novas oportunidades para persistir e robustecer a estratégia do Município para a área da Cultura, trilhando sempre um caminho diferenciador.
Viver a Cultura! Foi a isso que nos propusemos e foi isso que fizemos. Fazer acontecer Cultura, vivenciar, experienciar, fazer parte e ser parte integrante. Ser parte da solução, encontrando novas abordagens e formatos!
É tempo de pandemia, mas é tempo cada vez mais de Cultura, de espaço a novos horizontes e novas formas de entrelaçar a vida de cada um de nós no embalo de um acorde e no riso de uma deixa do ator ou no enternecer de um gesto e de um movimento do bailarino.
É tempo de continuar a fazer, fazer bem e cada vez melhor. Produzir e proporcionar ao público momentos de enriquecimento pessoal, de convívio, fraternização, alegria, bem-estar e segurança. É tempo de sonhar, viver... continuar a viver... a Cultura e a vida!
Vivam todos a Cultura!
Por: Isabel Pinho,
Chefe da Divisão de Cultura