Motores da Nova Economia - Net Zero, Criatividade e Inovação Colaborativa

A economia de Guimarães tem revelado uma trajetória de transformação, acompanhando as mudanças globais e regionais das últimas décadas. Reconhecido pela forte presença industrial, sobretudo no setor têxtil, calçado, cutelaria, metalomecânica, entre outras, o território soube adaptar-se e diversificar-se, promovendo novos setores e atraindo investimentos que vão além das suas áreas tradicionais.
A realização da segunda edição do "Mês da Economia" de Guimarães surge, assim, como uma iniciativa essencial para reforçar esta transição e consolidar a nossa posição como polo de inovação, com especial destaque para as indústrias emergentes da saúde e do espaço. Este evento proporciona um espaço de reflexão sobre os desafios económicos contemporâneos, reunindo empresários, académicos, líderes políticos e a comunidade local para debater e traçar estratégias que possam induzir o crescimento sustentável da região. A relevância desta iniciativa torna-se ainda mais evidente num contexto em que a economia local precisa de continuar a diversificar-se, com especial foco em indústrias emergentes e de elevado valor acrescentado. Além disso, promove um espaço de networking onde as empresas e as instituições podem identificar novas oportunidades de colaboração. A presença de centros de ensino superior, como a Universidade do Minho, o IPCA ou a Universidade das Nações Unidas, oferece uma oportunidade para integrar conhecimento académico nas necessidades da economia local.
Guimarães, ao realizar o "Mês da Economia", não só evidencia a sua capacidade de adaptação às novas tendências globais, como também reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a dupla transição digital e ecológica. Esta iniciativa fomenta, ainda, a criação de uma identidade económica que se distancia da dependência exclusiva de indústrias tradicionais, ao passo que promove novas oportunidades em áreas tecnológicas emergentes, como as novas indústrias da Saúde e do Espaço.
Estas são duas áreas que se destacam pelas suas perspetivas de crescimento no contexto internacional, e Guimarães não é exceção a esta tendência. O Município tem vindo a adotar uma estratégia de diversificação económica, com o objetivo de atrair investimentos para estas indústrias, que oferecem oportunidades de criação de emprego qualificado, de desenvolvimento tecnológico e de transferência de conhecimento para o tecido produtivo.
No setor da saúde, a pandemia de COVID-19 acentuou a necessidade de investimento em tecnologia e inovação, sobretudo nas áreas de biotecnologia, biomateriais, medicina regenerativa e soluções de saúde digital. Guimarães, com o seu tecido empresarial dinâmico e a proximidade a centros de conhecimento, encontra-se bem posicionada para tirar partido desta transformação. O desenvolvimento de novos polos industriais na área da saúde pode alavancar a economia local, promovendo não só o crescimento económico, mas também o bem-estar da população.
No que se refere à indústria do espaço, a criação do Guimarães Space Hub representa um passo significativo na internacionalização da economia local. Este centro tecnológico, desenvolvido em parceria com o CEiiA, a Universidade do Minho e o Município de Guimarães, tem como objetivo mobilizar atividades de investigação e desenvolvimento, inovação e formação avançada, atraindo investimentos e fomentando a cooperação internacional, posicionando Guimarães como um ponto de referência no setor espacial. A aposta na indústria aeroespacial é estratégica não só para Guimarães, mas também para a região Norte de Portugal. O projeto da constelação de satélites Atlântico é uma das iniciativas que pode posicionar Guimarães como uma referência internacional no "Novo Espaço", contribuindo para a integração da cidade em cadeias de valor globais. Promovendo a cooperação transfronteiriça, a parceria com a cidade de Valladolid, pretende recolher dados que permitam atuar em caso de emergências e catástrofes naturais, segurança (vigilância marítima e fronteiriça), bem como melhorar a gestão dos recursos naturais, marinhos e costeiros, a vigilância ambiental e a gestão agrícola e florestal, principais objetivos das operações, que serão lideradas em Portugal pela empresa Geosat, pelo CEiiA e pela Força Aérea.
Em resultado da necessidade de compreender o percurso que Guimarães tem feito em termos económicos, o estado atual e os desafios futuros, o executivo municipal contratualizou o desenvolvimento de um estudo ao Núcleo de Investigação em Políticas Económicas e Empresariais (NIPE) da Universidade do Minho. Este estudo, denominado "A economia de Guimarães: percurso, estado e destino" realizará uma análise abrangente da evolução económica do concelho nas últimas décadas, abordando os principais desafios e oportunidades para o futuro, destacando a importância da competitividade territorial e o papel estratégico na implementação de políticas que promovam o crescimento sustentável e a coesão social. Adotando uma metodologia baseada em investigação e participação ativa de stakeholders locais, visa fazer um diagnóstico profundo da economia vimaranense, apresentar estratégias de médio e longo prazo para potenciar o desenvolvimento regional e fortalecer Guimarães no contexto económico nacional e internacional, particularmente em áreas como a inovação tecnológica e a atração de investimento.
Guimarães encontra-se num momento crucial da sua evolução económica. A organização do "Mês da Economia" é um reflexo do compromisso da cidade com a inovação, o desenvolvimento sustentável e a diversificação da sua economia, que se reflete na aposta em novas indústrias, como a saúde e o espaço, fundamentais para garantir que o território continue a ser um polo de atração e fixação de talento e investimento.
Ricardo Machado
Diretor do Departamento de Inovação, Transformação Digital e Economia