A conciliação da vida profissional com a vida familiar e pessoal: um desafio para as organizações e para os seus trabalhadores

O Município de Guimarães assinou, a 6 de fevereiro de 2019, o Pacto para a Conciliação, projeto promovido pelo Governo em parceria com a APEE - Associação Portuguesa de Ética Empresarial, assumindo o compromisso de implementar um sistema de gestão da conciliação da vida profissional com a vida familiar e pessoal dos seus trabalhadores, integrado na política de gestão de recursos humanos.
Trata-se de um compromisso integrado nos objetivos da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, designadamente nos seus objetivos 5 – Igualdade de Género e 8 - Trabalho Digno e Desenvolvimento Económico, constituindo também um dos princípios do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e um dos direitos consagrados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia.
Constitui objetivo do município, neste âmbito, implementar, manter e gerir um sistema de gestão baseado em princípios e valores que visam elevar os níveis de bem-estar, qualidade de vida e satisfação geral dos colaboradores em matérias da Conciliação, designadamente através de medidas de conciliação da vida profissional com a vida familiar e pessoal dos trabalhadores da autarquia, proporcionando, através de boas práticas laborais, o seu desenvolvimento pessoal e profissional e contribuindo, simultaneamente, para a qualidade de vida no trabalho e para o bem-estar nas famílias[1].
Algumas medidas de conciliação já vêm sendo praticadas, como é o caso da flexibilização dos horários de trabalho, da promoção de formação com o objetivo de valorização profissional e pessoal dos trabalhadores, ou da análise criteriosa dos pedidos de autorização para prestação de trabalho suplementar[2] – ações estas promovidas diretamente pelos serviços do município – bem como da disponibilização de cantina para trabalhadores e seus familiares, atividades de férias escolares para os filhos de trabalhadores, ou protocolos com entidades diversas com descontos para associados – estas através do CCD - Centro de Cultura e Desporto dos Trabalhadores do Município de Guimarães.
Pretendeu-se ainda, através de um diagnóstico interno, conhecer melhor as necessidades e expectativas dos trabalhadores e demais interessados, de modo a definir uma política de conciliação, integrada na política de recursos humanos do município, e o correspondente plano de ação adequado à missão, aos valores e às necessidades da organização e daqueles que a compõem.
A auscultação dos trabalhadores foi iniciada em fevereiro de 2020, tendo sofrido algumas limitações e interrupções, impostas pela pandemia pela COVID-19. O processo de auscultação foi retomado já no corrente ano de 2021, com a audição de outras partes interessadas.
A pandemia trouxe também, contudo, uma nova oportunidade, a do desenvolvimento do teletrabalho, tendo forçado o desenvolvimento e a utilização, de modo generalizado, de ferramentas e plataformas de trabalho à distância. Se, por um lado, se demonstrou que o teletrabalho pode ser um poderoso aliado dos objetivos da conciliação da vida profissional com a vida familiar e pessoal, revelou-se também como um desafio para os trabalhadores e para as organizações, não só pelos riscos de isolamento, mas pelo esbatimento das fronteiras entre o trabalho e a vida pessoal, com efeitos adversos no bem-estar e nos níveis de stress das pessoas em teletrabalho.
Também por este motivo, o Município de Guimarães decidiu colaborar no Projeto "Validação da versão Média do COPSOQ III em Trabalhadores Municipais”, coordenado pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, realizando um questionário a todos os trabalhadores, com o objetivo de identificar o impacto dos fatores de risco psicossociais durante e após a pandemia de COVID-19 e traçar um diagnóstico da população trabalhadora da Câmara Municipal[3].
Neste caminho que estamos a percorrer o contributo de todos é essencial; podem, assim, todos os colaboradores continuar a fazer chegar ao Departamento de Recursos Humanos propostas, sugestões ou a identificação de necessidades de conciliação entre a vida profissional, pessoal e familiar, de modo a que este objetivo do Município de Guimarães sirva as necessidades daqueles que o integram, sabendo que o impacto daqui resultante contribui para a qualidade da vida no trabalho e para o bem-estar individual e familiar dos seus trabalhadores.
Inês Ribeiro
Diretora do Departamento de Recursos Humanos
[1] Conforme despacho do Presidente da CMG de 18/02/2020.
[2] As limitações em matéria de duração da jornada de trabalho fundamentam-se na proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores, mas também na conciliação da vida profissional com a familiar e pessoal.
[3] Caso ainda não tenha participado, agradece-se a colaboração no preenchimento do questionário, disponibilizado através do link https://pt.surveymonkey.com/r/5GQ9PXY.