Mostrar a força da comunidade é um dos trunfos que Guimarães apresentará durante a Capital Verde Europeia 2026


A 1ª reunião da Comissão da Comunidade da CVE2026 teve lugar no final da tarde desta terça-feira, 22 de abril, no auditório do Teatro Jordão.
“Diálogo” foi a palavra utilizada por Domingos Bragança, presidente da Câmara Municipal de Guimarães, para lançar o mote da primeira reunião da Comissão da Comunidade, uma estrutura que resulta do Plano Estratégico da CVE2026, aprovado pelo Executivo Municipal, que já em 2025 terá um papel fundamental na implementação eficaz do programa da Capital Verde Europeia (CVE 2026) – “Guimarães rumo à Capital Verde Europeia 2026”. Recorde-se que, a 11 de abril, reuniu a Comissão de Acompanhamento, no Laboratório da Paisagem, sendo esta é a segunda comissão que reúne num espaço de 11 dias.
Adelina Pinto, que preside à Comissão da Comunidade, deu as boas-vindas a todos os participantes, agradecendo a sua presença, no que considerou um momento de extrema importância para o sucesso da Capital Verde Europeia. “Sempre valorizámos a comunidade como peça basilar do sucesso da nossa candidatura, tendo sido este envolvimento um dos aspetos que mais impressionou os jurados ao longo dos vários processos de candidatura”, disse. Adelina Pinto conta com o envolvimento de todos para que 2026 seja um ano inesquecível. “É isto que verdadeiramente nos distingue”, referiu, não deixando de reiterar a importância de um caminho comum "que importa continuar a trilhar".
Domingos Bragança, presidente da Câmara Municipal, evocou a encíclica “Laudato Si”, do Papa Francisco, publicada em 2015, que tem como subtítulo "Sobre o cuidado da casa comum", para lembrar a necessidade de cada um de nós, enquanto cidadão, tomar consciência do que está em causa com a crise ecológica global, que nos ameaça com as alterações climáticas e a perda da biodiversidade. O texto é um apelo urgente à ação ecológica e à consciência de que tudo está interligado, e que o edil utilizou como ponto de partida para o desafio que lançou a todos os presentes. “Não devemos ter medo de abraçar as grandes causas. Cada um de nós deve ter consciência ecológica (ser um ecocidadão) para fazer da sociedade um espaço de todos, todos, todos”, disse. Domingos Bragança destacou a visão e a liderança como impulsionadoras de uma verdadeira mobilização, pois “temos todas as ferramentas que a ciência hoje nos oferece para mudar tudo”, frisou.
O presidente da Câmara lembrou a necessidade de todas as freguesias possuírem Brigadas Verdes ativas, capazes de defender a qualidade do ar e da água e a biodiversidade, destacando a educação ambiental como o caminho para atingir objetivos mais duradouros e ambiciosos. “Não temos a força financeira das grandes cidades, mas temos a força da nossa comunidade, a força da consciência ecológica dos vimaranenses, e o desafio enorme que agora temos pela frente é o de dar visibilidade àquilo que somos”, disse. Domingos Bragança convocou ainda uma mudança de modelo de sociedade através da Cultura, enquanto processo que se desenvolve em contexto de comunidade, mas também que é cultivado por cada um, através da curiosidade e do estudo dos temas ambientais, a exemplo do conceito de “ecologia integral”, que, como deixou escrito o Papa Francisco, une o cuidado com o meio ambiente, a justiça social e o bem-estar espiritual e cultural. “Tudo está conectado, e uma mudança verdadeira exige transformação pessoal e comunitária”, concluiu.
A exemplo do que aconteceu na reunião da Comissão de Acompanhamento, foi realizada uma apresentação por parte de elementos da Direção Executiva, na qual se destacaram os objetivos estratégicos. Isabel Loureiro lembrou a visão de “Uma cidade, Um Planeta” que está na base de todo o trabalho que Guimarães se propõe realizar, dizendo que “só é possível diminuir a pegada ecológica de Guimarães com o envolvimento de todos”. A Democracia Participativa, que está na base da constituição desta comissão, foi um dos aspetos abordados, e funcionará como mais um indicador da união que se pretende em torno da grande causa que é a da preservação ambiental.
Carlos Ribeiro fez questão de frisar que cada cidadão funcionará “como uma extensão” da Unidade de Missão da CVE2026, que terá como sede o Laboratório da Paisagem. Após a apresentação do calendário de atividades provisório da CVE2026, o diretor executivo do Laboratório da Paisagem realçou a necessidade de serem promovidas ações que resultem de propostas das diferentes entidades do concelho: Associações Culturais e Desportivas, Banco Local de Voluntariado, Brigadas Verdes, Escolas, Juntas de Freguesia, Setor Empresarial, Setor Privado e Social, entre outras.
Dalila Sepúlveda, diretora do Departamento de Ambiente e Sustentabilidade da CMG, apresentou o calendário da Comunidade que define as diversas fases do seu envolvimento: a submissão de propostas de eventos decorrerá entre 28 de abril e 28 de junho; a avaliação das propostas até 31 de julho; o acompanhamento técnico entre setembro e outubro. Após estas três fases, seguir-se-ão a integração no Programa Anual da CVE2026 e a Avaliação de Impacto. Cada uma das propostas de eventos oriunda da comunidade será avaliada a partir de critérios de Inovação, Replicabilidade, Exequibilidade e Adequação aos objetivos. “Gostaríamos de contar, pelo menos, com uma atividade por cada uma das freguesias do concelho”, referiu.
No final, houve espaço para a apresentação de sugestões e questões, que contou com uma vasta participação de todos os presentes, tendo sido dadas todas respostas por parte dos elementos da Direção Executiva. Esta foi a primeira reunião de uma Comissão da Comunidade que se espera vir a ter um papel fundamental na visibilidade da CVE2026 e, sobretudo, na transformação que se espera para o desenvolvimento de uma alargada consciência ecológica que se pretende incutir em cada um dos cidadãos de Guimarães, para que todo o território vimaranense possa liderar pelo exemplo, e ser inspirador para milhares de outras cidades na Europa e no Mundo.