O Ritual do Encontro celebra os 10 anos do Centro Internacional das Artes José de Guimarães
O arranque do programa comemorativo dos 10 anos do CIAJG acontece já este sábado, dia 5 de março, às 16h, com o músico, ativista e pensador Mario Lúcio (Cabo Verde) e a autora e professora Manuela Ribeiro Sanches (Portugal).
O Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) celebra 10 anos de vida e atividade continuando a colocar questões com o mesmo ímpeto do primeiro dia. Sob o mote “O Ritual do Encontro”, em 2022 projeta-se em direção ao futuro enquanto museu aberto, em constante reinvenção. Um museu de relações presentes, passadas e futuras.
O programa artístico do CIAJG, projetado para este ano, integra o Ciclo de Conversas "Para um novo enredo de vozes", o Workshop/Performance com Luísa Mota (18 a 22 abril), o Ciclo de Exposições "Voz Multiplicada" (7 maio a 18 setembro) composto pelos artistas Pedro Barateiro, Yonamine, José de Guimarães, Max Fernandes, Gabriela Mureb, Afra Eisma, Janaina Wagner, Luis Lázaro Matos, entre outros, sendo também de relevar a comemoração do Dia Internacional dos Museus com um conjunto de ações diversificadas (18 maio), a iniciativa ‘Escritora/o convidada/o’ que se estreará com María Iñigo Clavo a assinar o texto de reflexão para o CIAJG por ocasião do seu 10º aniversário e, ainda, os projetos de continuidade ‘Triangular’ (EAAD, CAAA e CIAJG) e ‘Heteróclitos’ (de André Tavares e Ivo Poças Martins).
Nos últimos dez anos, o CIAJG consolidou um projeto cultural que alia experimentalismo, liberdade e rigor, a partir do trabalho de José de Guimarães e das suas coleções. Mais do que um programa de exposições, o CIAJG afirmou a ideia de encontro enquanto ritual. Entre artistas e públicos, entre as gerações precedentes e a nossa.
Recentemente, sob o signo incerto da pandemia, foi inaugurado um novo momento do CIAJG que é a soma do que vem de trás, e que acrescenta outros rumos e outras visões. "Nas margens da ficção", o título do atual ciclo artístico, coloca as ficções no centro das reflexões aqui promovidas. A ficção que possui o seu próprio real, e nos faz experimentar novas formas de nos relacionarmos, no contexto de um mundo em crise. "Imaginar o futuro do CIAJG é querer construir novos significados com o léxico que foi semeado: encantamento, história, ficção... E afirmar o ritual do encontro como possibilidade de ativar o museu, dando voz às vozes.", partilha a curadora-geral do CIAJG, Marta Mestre. A mesma refere também: "Há um museu que nunca pode parar de se (re)inventar. (...) Queremos o que é vivo e incerto, em lugares próximos e distantes. Um museu-relação, um museu-aberto."
O arranque do programa comemorativo dos 10 anos do CIAJG acontece já este sábado, dia 5 de março, às 16h, com o músico, ativista e pensador Mario Lúcio (Cabo Verde) e a autora e professora Manuela Ribeiro Sanches (Portugal) como protagonistas da conversa intitulada "Depois das colonizações?", primeiro passo do ciclo de conversas "Para um novo enredo de vozes". Nesta data, Marta Mestre modera esta conversa (com entrada gratuita, até ao limite da lotação da sala) que será precedida pela apresentação pública do programa artístico do museu, previsto para 2022.
Esta é a primeira conversa do ciclo de debates "Para um novo enredo de vozes" que reflete sobre o museu, a coleção e a cidade, visando pensar o museu na encruzilhada de um mundo dividido, olhar a coleção para além de um ponto de vista eurocentrado, e perspetivar o projeto cultural da cidade. Este ciclo de conversas contará com a participação de pesquisadores, artistas, ativistas, curadores/as e teóricos/as, e irá decorrer ao longo do ano em vários encontros com os já referidos Mario Lúcio e Manuela Ribeiro Sanches (5 março, 16h00), bem como Raphael Fonseca e Gabriela Mureb, respetivamente curador e artista convidada do ciclo de exposições "Voz Multiplicada" (4 maio, 21h30), Yonamine, artista igualmente convidado do ciclo "Voz Multiplicada" (5 maio, 21h30), José de Guimarães e Mariana Pinto dos Santos (8 maio, 16h00), Carlos Bernardo, Nuno Grande e Eduardo Brito (18 maio, 21h30), e outros nomes a anunciar brevemente que aqui se juntarão no dia 24 de junho, data com grande simbolismo para o CIAJG e de forma mais alargada para Guimarães e Portugal.
Em abril, durante uma semana (18 a 22), o CIAJG irá acolher um workshop aberto a toda a comunidade, sob a orientação da artista portuense Luísa Mota. Esta ação de grupo tem em vista a preparação para a participação na performance da artista que terá lugar a 7 de maio, dia da inauguração do ciclo de exposições "Voz Multiplicada".
Este novo ciclo expositivo que estará patente de 7 maio a 18 de setembro, evoca o tempo da escuta e da fala no museu e reunirá um conjunto de artistas que exploram a substância narrativa da voz ou que entendem o museu como um espaço de ressonâncias, singularidades e distorções.
"Voz Multiplicada" irá viver nas 13 salas expositivas do CIAJG com as intervenções artísticas de Pedro Barateiro (A Língua do Monstro), aqui desafiado a expor o seu trabalho juntamente com as coleções de José de Guimarães (Artes africanas, Artes pré-colombianas, Artes antigas chinesas); Yonamine (EU UE / Amnésia & Dislexia), artista angolano que propõe uma exposição-instalação que cruza referências temporalmente distintas como a deusa Europa da mitologia grega, o mercado de cosméticos, os fetiches da beleza eurocêntrica e a coleção africana do CIAJG; e o próprio José de Guimarães (Manifestos), que respondeu afirmativamente ao desafio que lhe foi lançado pelo CIAJG para elaborar o seu 4º manifesto e revisitar o conjunto dos anteriores - "Arte Perturbadora", em 1968, "A Ratoeira", em 1984, e "Esta cultura faz-nos velhos", em 1999 -, numa exposição que ocupará vários espaços do museu.
O grupo de artistas Gabriela Mureb, Afra Eisma, Janaina Wagner, Luis Lázaro Matos, entre outros/as, juntam-se igualmente a este ciclo com Garganta, exposição que ocupará todo o piso -1 do CIAJG e que terá o curador brasileiro Raphael Fonseca como ‘curador visitante’. Garganta tem como ponto de partida uma das gárgulas da Igreja de Nossa Senhora de Oliveira, construída entre os séculos X e XIV, que gera, há séculos, reverberações simbólicas. Também a exposição Preambular o Futuro de Max Fernandes terá espaço para se revelar através de uma intervenção vídeo que ocupará vários espaços do CIAJG, constituindo uma reflexão com palavras e imagens sobre a memória, a partir de imagens de arquivo relacionadas com a inauguração do museu em 2012, ao revisitar os discursos que então foram produzidos pela comunidade (políticos, artistas, visitantes, etc), interrogando a relação entre passado-presente-futuro.
"Voz Multiplicada" tem inauguração marcada para as 18h30 do dia 7 de maio, sendo precedida, às 16h30, por uma performance de Luísa Mota que irá envolver vários participantes e ativar arquétipos do imaginário coletivo, espalhando um rumor no presente, uma mitologia coletiva que pode eventualmente (ou não) tornar-se uma ficção.
Neste momento comemorativo dos 10 anos do CIAJG, a investigadora, curadora e artista María Iñigo Clavo é convidada a escrever um texto de reflexão para o CIAJG. Tomando como ponto de partida os museus que expõem objetos de culturas ditas extra-ocidentais, a autora questiona a ideia de "um tempo sem tempo", fora da história civilizada, e dá pistas, a partir da arte contemporânea, sobre outras formas de nos relacionarmos e experienciarmos estes acervos, as quais possam restituir a sua força de pensamento. O texto será disponibilizado no site do CIAJG e publicado no jornal do ciclo de exposições "Voz Multiplicada".
Outro momento celebratório dirige-nos a atenção para o Dia Internacional dos Museus (18 maio), que este ano é assinalado por um conjunto de atividades como Visitas orientadas ao ciclo de exposições, Oficinas de artes visuais (Sorte ao Desenho, Desenho à Sorte) e de correspondência (CartaMuseu), a ação-performance-percurso-degustação Ruminar o museu, da responsabilidade de André Alves, Filipa Araújo, Max Fernandes e outros artistas convidados, e ainda a conversa Um museu na cidade com Carlos Bernardo, Nuno Grande e Eduardo Brito, moderada por Samuel Silva e integrada no já referido ciclo "Para um novo enredo de vozes".
De notar também a presença neste programa artístico dos projetos de continuidade ‘Triangular’ – numa relação com a EAAD (Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho) e o CAAA (Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura), que nos trará o Laboratório Vivo com Raphael Fonseca no dia 5 de maio a decorrer no CIAJG e os Workshops "Jornadas Indisciplinadas" de 23 a 27 de maio, com o artista Mauro Cerqueira, que terão lugar no CIAJG, CAAA, Garagem Avenida – e ainda ‘Heteróclitos’, da autoria dos arquitetos André Tavares e Ivo Poças Martins, que repensam, ao longo deste ano, as formas de expor e apresentar os acervos no museu, apontando focos às vertentes arquitetura, laboratório e criação no museu.
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