A RRREVOLUÇÃO ESTÁ A CHEGAR – RECOLHA DO ORGÂNICO EM GUIMARÃES

A Diretiva (UE) 2018/851 do Parlamento Europeu e do Conselho veio estabelecer a obrigatoriedade de os Estados-Membros assegurarem, até 31 de dezembro de 2023, a separação e a reciclagem dos biorresíduos na origem ou a sua recolha seletiva.
Neste contexto, o Município de Guimarães desenvolveu um novo projeto que permitirá separar em casa, de forma simples e rápida, os resíduos orgânicos.
Considerando que a gestão dos biorresíduos é da responsabilidade municipal, compete ao Município de Guimarães definir os melhores sistemas para a prevenção da produção e de recolha de modo eficaz e eficiente, tendo sido elaborado neste âmbito, em junho de 2021, o Plano de Gestão de Biorresíduos Guimarães 2030[1], onde são definidos o modelo de recolha seletiva e o modo de valorização dos resíduos orgânicos e verdes, que representam, respetivamente, 37% e 7% da quantidade total dos resíduos.
Este Plano definiu um cronograma de ação, que decorrerá entre 2021 e 2030, com definição de indicadores mensuráveis do resultado esperado, englobando uma estratégia para a diminuição da produção de resíduos na fonte. Trata-se de um plano capaz de promover a compostagem caseira e comunitária, que mobilize todos os agentes, nomeadamente a restauração, a hotelaria, a comunidade escolar, os lares, as residências, os hospitais e a população em geral.
Este projeto contempla também o lançamento da campanha de comunicação e o desenvolvimento do website: https://rrrciclo.pt/, prevendo-se, já em outubro próximo, a distribuição de equipamentos para a recolha seletiva pela população e, em novembro, iniciada a recolha dos resíduos orgânicos.
Será também criado o PROJETO GUIMARÃES A COMPOSTAR, com o objetivo de reduzir os custos de recolha, transporte e tratamento e a redução das emissões de Gases de Efeitos de Estufa, o que requer o envolvimento da comunidade, aumentando-se a consciência ambiental. Com o lançamento do projeto, o cidadão solicita online um Kit com um compostor e um guia, sendo, simultaneamente, promovida formação técnica de compostagem. Em complementaridade, será ainda disponibilizada uma rede de compostores comunitários, a instalar em locais de complementaridade e aproximação dos cidadãos, concretamente na Freguesia de Creixomil, com a disponibilização de um compostor junto à Feira Grossista de Frutas e Legumes, e nas 9 vilas do Concelho, pretendendo-se promover uma estratégia global ao nível das freguesias. Posteriormente, o composto resultante será fornecido aos cidadãos ou colocados nos jardins das freguesias.
São objetivos principais deste projeto:
1.Promover a redução, a reutilização e a valorização de resíduos, em consonância com a hierarquização dos processos de gestão de resíduos;
2.Implementar um serviço de recolha seletiva em Guimarães, que garanta maior quantidade de biorresíduos recolhidos, um menor grau de contaminação e com elevado grau de acessibilidade;
3.Implementar um sistema de gestão de resíduos mais sustentável e promotor da concretização das metas definidas a nível setorial;
4.Criar uma metodologia e uma estratégia que valorize a compostagem caseira e comunitária;
5.Criar circuitos destinados à restauração e aos refeitórios escolares em horários compatíveis com o seu funcionamento;
6. Implementar medidas de prevenção de desperdício alimentar;
7.Promover, num contexto de economia circular, a utilização do composto resultante da valorização dos biorresíduos nos espaços verdes municipais;
8.Promover a separação dos resíduos verdes através de agendamentos particulares de recolha;
9.Promover a utilização do composto resultante da valorização dos biorresíduos;
10. Inovar e envolver na forma de comunicar com o cidadão.
Uma das áreas fundamentais deste projeto será a comunicação de proximidade com a população e com os estabelecimentos, criando guias de boas práticas. Este novo projeto irá alterar os hábitos de separação dos cidadãos, promovendo mais uma separação, pelo que se revela importante o conhecimento do que são os resíduos orgânicos que devem ser separados e colocados no novo contentor, de cor castanha, que será distribuído à população.
O que se deve, então, separar?
Restos de alimentos crus e cozinhados ou fora da validade: Legumes e frutas, carne e peixe, restos de sopa, restos de pão e bolos, cascas de ovos e borras de café. Poderá também colocar saquetas de chá, guardanapos de papel, palitos, cotonetes e escovas de dentes de bambu.
E o que não se pode, então, colocar no contentor castanho?
Vidros, plásticos, metais, têxteis, lâmpadas, pontas de cigarros, excrementos de animais, copos, talheres e loiças, medicamentos e pilhas, sementes de origem incerta e qualquer parte de plantas exóticas invasoras (raiz, caule, folha ou flor).
Cremos que este Plano constitui mais uma medida no sentido de potenciar e garantir a gestão dos resíduos urbanos em conformidade com a prioridade das soluções definidas pela “hierarquia de gestão de resíduos”, no cumprimento das metas nacionais e europeias e na estratégia para a mitigação das alterações climáticas, na devolução ao solo da matéria orgânica, e na produção de energia.
E assim, paulatina, mas decididamente, os Vimaranenses continuarão a demonstrar a justeza da lei da conservação da matéria tal como formulada por Antoine Lavoisier, considerado o pai da Química moderna: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".
Dalila Sepúlveda
Chefe de Divisão de Serviços Urbanos